O presidente de Israel, Reuven Rivlin, encarregou oficialmente nesta quinta-feira, 21, o Parlamento de definir quem será o próximo primeiro-ministro, a fim de tirar o país da paralisia política em que se encontra e evitar novas eleições.
“A partir de hoje e durante 21 dias a tarefa de encontrar uma pessoa que possa formar o governo está nas mãos do Knesset”, o Parlamento israelense, disse Rivlin aos parlamentares reunidos em Jerusalém.
O rival do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o centrista Benny Gantz, anunciou na quarta-feira 20 sua incapacidade para formar um governo. Após semanas de negociações, o ex-chefe do Exército, agora líder do partido centrista Azul e Branco, tinha até a meia-noite de quarta para apresentar ao presidente um projeto de governo de coalizão.
As legislativas de setembro deram empate a Netanyahu e Gantz, mas nenhum pôde somar com seus respectivos aliados uma maioria parlamentar. Entretanto, o presidente Rivlin encomendou inicialmente a Bibi – no poder desde 2009 – a tarefa de formar governo.
Netanyahu, que lidera um bloco de direita e religioso que soma 54 deputados, não conseguiu reunir suficientes aliados para chegar aos 61 assentos, o patamar da maioria no Parlamento, com 120 deputados.
O presidente pediu então a Gantz que formasse governo, em uma missão que muitos consideravam impossível: evitar as terceiras eleições em menos de um ano, depois das de abril e setembro.
Um ‘muro de perdedores’
Para conseguir ser primeiro-ministro, Gantz tinha opções muito difíceis. O militar não conseguiu convencer Avigdor Lieberman, chefe da formação não alinhada Israel Beitenu, a se juntar a uma coalizão de centro-esquerda apoiada do exterior por partidos árabes.
Lieberman, que é hostil aos partidos árabes, havia declarado na quarta-feira que não apoiaria nem Gantz nem Netanyahu como premiê.
O chefe do Azul e Branco também não conseguiu convencer Netanyahu de compartilhar o poder em um sistema de rotação.
Gantz garante que Netanyahu “privilegiou seus interesses pessoais”. “E deve lembrar que ainda estamos em uma democracia e que a maioria do povo votou a favor de uma política diferente da sua”, acrescentou.
“O povo não pode ser refém de uma minoria extremista”, destacou o ex-chefe do exército que pretendia formar um governo de união “liberal”.
“Me deparei com um muro de perdedores (das eleições) que fizeram todo o possível para impedir que os cidadãos israelenses se beneficiem de um governo sob a minha direção”, declarou Gantz.
Uma terceira opção consistia em reunir Netanyahu, Gantz e Lieberman em uma coalizão. Lieberman descartou essa possibilidade, negando-se a apoiar qualquer um dos dois.
Knesset
Diante da estagnação, o presidente Rivlin deu agora dar três semanas aos deputados do Knesset para que proponham nomes de figuras suscetíveis de conseguir o que os dois grandes líderes partidários não conseguiram.
Se, ao fim desse possível novo prazo, nenhuma personalidade política obtiver os apoios suficientes para se impor na liderança do governo, Israel voltará as urnas pela terceira vez em menos de um ano.
Nesse contexto, surge outra grande incógnita: trata-se da decisão da justiça, esperada em dezembro, sobre uma eventual condenação de Netanyahu por “corrupção”, o que poderia mudar o cenário político.
(Com AFP)