O presidente do partido Azul e Branco e líder da oposição em Israel, Benny Gantz, ganhou nesta segunda-feira, 16, o direito de tentar formar um governo, após as eleições de 2 de março – a terceira votação no país em menos de um ano.
Reuven Rivlin, presidente de Israel, anunciou sua decisão de dar a Gantz a chance de negociar uma coalizão durante uma coletiva de imprensa em Jerusalém. “Dou minha palavra: farei tudo para estabelecer dentro de dias – o mínimo possível – um governo nacional, o mais patriótico e o mais amplo possível”, disse o chefe do Azul e Branco.
Segundo uma contagem do gabinete de Rivlin, Gantz conta com o apoio de 61 deputados e o atual primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, de 58. “É por isso que estou dando a você a oportunidade de formar um governo”, declarou Rivlin, falando a Gantz, ex-chefe de Estado Maior de 60 anos.
O Parlamento de Israel tem 120 cadeiras. Mas nada garante que as diferentes forças que deram apoio a Gantz neste domingo irão chegar a um acordo na hora de formar uma coalião estável.
Esta é a segunda vez que Gantz ganha o direito de tentar negociar uma coalizão. Após as eleições de setembro, o opositor foi incumbido da tarefa, mas não conseguiu chegar a um consenso com as demais legendas. Benny Gantz tem 28 dias para apresentar seu governo.
A eleição de 2 de março terminou mais uma vez de forma inconclusiva, sem que nenhum partido conquistasse a maioria de 61 assentos necessários para indicar um primeiro-ministro. Porém, o partido de Netanyahu, Likud, saiu vencedor, com 36 deputados eleitos, contra 33 de Gantz.
Netanyahu apostou todas as suas fichas no pleito para garantir sua sobrevivência política e na liderança do país. O premiê foi indiciado em três casos judiciais – por suborno, fraude e quebra de confiança. Em dois deles, é acusado de ter trocado favores por coberturas positivas na imprensa local. No terceiro por receber presentes no valor de 700.000 shekels (cerca de 853.000 reais) de um produtor de Hollywood.
O julgamento de Bibi estava marcado para esta terça-feira, 17, mas foi adiado por conta da pandemia de coronavírus. A nova data foi definida como 24 de maio.
A lei israelense estabelece que qualquer ministro sujeito a um processo criminal deve renunciar ao cargo, mas isso não se aplica ao primeiro-ministro. Se conseguir formar um governo de união com Gantz e se consagrar premiê, Netanyahu estará a salvo por mais alguns anos. Caso contrário, seu futuro político estará seriamente ameaçado.