Alexander Lukashenko, líder de Belarus que é conhecido como “o último ditador da Europa”, afirmou nesta quinta-feira, 16, que se juntaria a Rússia em uma guerra contra a Ucrânia. Porém, só o faria caso o seu território fosse atacado.
Em uma coletiva de imprensa para emissoras internacionais, Lukashenko defendeu seu apoio ao presidente russo, Vladimir Putin. Antes do início da guerra, o líder de Belarus permitiu que soldados russos usassem seu país como base de lançamento para uma das frentes da invasão, que ele chama de “missão militar especial”.
“Estou pronto para fornecer [território] novamente. Também estou pronto para fazer a guerra, ao lado dos russos. Mas somente se alguém, mesmo se for um único soldado [da Ucrânia], entrar em nosso território com armas para matar meu povo”, afirmou.
Desde o início da invasão russa na Ucrânia, Putin ainda não conversou com jornalistas de grupos de mídia ocidentais.
+ Rússia perde 2 mil soldados a cada 100 metros de áreas conquistadas
Lukashenko também culpou o Ocidente pela escalada da guerra e destacou a necessidade de negociações para que armas nucleares não sejam usadas.
“Se uma guerra nuclear começar, Belarus deixará de existir. Precisamos sentar à mesa de negociações, porque a guerra nuclear também destruirá os Estados Unidos. Ninguém precisa disso”, acrescentou.
A relação entre Rússia e Belarus está ficando cada vez mais próxima, principalmente na cooperação militar. Os países têm realizado diversos exercícios de treinamento e pretendem formar um agrupamento militar conjunto. No entanto, até o momento, Belarus não enviou soldados para lutar na Ucrânia.
+ Rússia faz ‘ataque pesado de mísseis’ e eleva pressão na Ucrânia
Por fim, Lukashenko sugeriu que poderia ajudar mediar “negociações de paz entre Rússia e Estados Unidos”. O líder de Belarus convidou o presidente americano Joe Biden, que vai visitar a Polônia no fim de semana dos dias 25 e 26 de fevereiro, a Minsk. Convite esse que deve entrar por um ouvido de Washington e sair pelo outro, devido à posição do país no conflito.
“[Belarus] não é longe de Varsóvia, em trinta minutos ele estará em Minsk. [Biden] poderia pousar seu avião aqui. Vou persuadir o presidente da Rússia a vir. Convido-o também para Minsk, assim como Biden. Vamos nos sentar e chegar a um acordo”, sugeriu Lukashenko.
O último ditador
Em 2020, uma onda de protestos contra Lukashenko varreu Belarus, mas os manifestantes foram brutalmente reprimidos. Participantes das demonstrações afirmavam que o líder havia fraudado as eleições presidenciais daquele ano – Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia não reconhecem o político como presidente do país.