Presidente da Itália pede que ex-diretor do FMI forme novo governo
Itália tenta superar crise política sem precedentes após renúncia de candidato à primeiro-ministro
Em pleno caos político, o presidente da Itália, Sergio Mattarella, pediu nesta segunda-feira (28) formalmente ao economista Carlo Cottarelli, um ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), que tente formar um novo governo no país. O pedido veio após a renúncia do candidato à primeiro-ministro Giuseppe Conte no domingo.
Cottarelli assumirá provisoriamente como primeiro-ministro até que uma eleição antecipada seja convocada. O anúncio vem um dia depois de Mattarella bloquear um governo de coalizão entre os partidos populistas Movimento 5 Estrelas e Liga, por discordar da indicação do economista eurocético Paolo Savona para o Ministério da Economia.
O bloqueio deixou o país em uma crise sem precedentes depois que o advogado Giuseppe Conte, de 53 anos, que havia recebido de Mattarella na quarta-feira (23) a missão de formar um governo, anunciou sua renúncia após uma reunião de quase uma hora no Palácio de Quirinal, sede da Presidência. A Itália está em um impasse para formar seu novo governo desde as eleições inconclusivas de março.
Conte havia sido indicado pelos partidos Liga Norte, de extrema direita, e Movimento 5 Estrelas, que conquistaram a maior parte dos assentos nas eleições parlamentares. Sua figura, contudo, foi posta em dúvida pela falta de experiência política, mas sobretudo depois que alguns veículos de imprensa acusaram o advogado de mentir em seu currículo.
A decisão de Conte de indicar Savona para o Ministério da Economia também gerou alarme e preocupação nos mercados financeiros e entre as autoridades da União Europeia (UE). Conhecido por suas posições contra o euro, o economista escolhido para a posição havia declarado que considera a moeda uma “prisão alemã”.
Em mensagem oficial, o presidente Mattarella explicou que “a nomeação do ministro da Economia é uma mensagem imediata de confiança ou alarme para os operadores econômicos e financeiros”.
A oposição de Mattarella a Savona gerou uma onda de indignação que, possivelmente, deve alimentar o clima de críticas à União Europeia e à Alemanha como países que se opuseram à vontade dos cidadãos.
Novo governo
Mattarella e Cottarelli se reuniram por cerca de uma hora na manhã desta segunda-feira e o economista aceitou o desafio de tentar formar um novo governo para a Itália.
Cottarelli prometeu anunciar uma lista de ministros “em breve” e afirmou que, se não conseguir um voto de confiança no Parlamento, uma eleição será realizada depois de agosto.
Segundo o ordenamento político do país, o presidente da República da Itália tem a atribuição de aprovar a lista de ministros.
O economista Carlo Cottarelli, 64 anos, por décadas um conhecido funcionário do Fundo Monetário Internacional (FMI), é chamado de homem “tesoura” por sua tradição de cortar as contas públicas e gastos desnecessários.
(Com AFP e Estadão Conteúdo)