O presidente Michel Temer foi colocado em uma saia-justa nesta sexta-feira durante encontro oficial com a primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, em Oslo. A premiê teceu duras críticas sobre a corrupção no país e repreendeu o Brasil pelo aumento do desmatamento das florestas tropicais, durante entrevista conjunta após a reunião. Solberg ainda anunciou que seu governo vai reduzir o investimento no fundo de proteção da floresta amazônica.
“Estamos preocupados com a Lava Jato. É preciso fazer uma limpeza e encontrar uma solução”, afirmou Solberg a jornalistas, ao lado de Temer. Segundo ela, o Brasil vive uma época de “desafios” e “turbulência”. Atualmente, a Noruega também investiga empresas que teriam pago propina a ex-diretores da Petrobras e executivos que manteriam contas no exterior.
Temer, desconcertado com as críticas da premiê, se confundiu ao tomar a palavra para seu discurso. Em vez de anunciar sua visita ao Parlamento norueguês e seu encontro com o rei do país, o peemedebista disse que iria ao “Parlamento brasileiro” e falaria com o “rei da Suécia”. Mesmo com os comentários de Solberg, porém, Temer tentou convencer a Noruega de que o Brasil não passa por uma crise. “As instituições funcionam com regularidade extraordinária e liberdade”, afirmou. “A democracia é algo plantado formalmente pela Constituição e praticada na realidade.”
Desmatamento
No encontro, a premiê também anunciou publicamente a decisão do governo da Noruega de reduzir pela metade os recursos destinados a proteger a floresta amazônica em 2017, para aproximadamente 50 milhões de dólares (167 milhões de reais), por causa do aumento na taxa de desmatamento no Brasil. Temer fora notificado ontem sobre a redução.
Rica graças à exploração de petróleo e gás, a Noruega investiu mais de 1,1 bilhão de dólares no Fundo Amazônia desde 2008. “Eu expressei preocupação com fato de que o desmatamento aumentou de certa forma”, disse Solberg aos repórteres. Apesar da redução de investimentos, a primeira-ministra reafirmou um acordo de 2015 para estender a cooperação florestal até 2020. “Eu não vejo nenhuma razão para renegociar esse acordo”, disse.
Temer respondeu que o Brasil trabalha para proteger a Amazônia e citou como exemplo os vetos a medidas provisórias, que reduziam áreas de preservação e a ampliação de parques nacionais. “O Brasil é uma das grandes, senão a maior reserva ambiental do mundo”, disse o presidente, que também agradeceu a colaboração norueguesa. Do lado de fora do gabinete de Solberg, cerca de quarenta pessoas protestavam com cartazes com dizeres como “pare com a destruição das florestas tropicais”.
(Com ANSA e Reuters)