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Premiê peruano renuncia ao cargo em meio a investigações contra presidente

Aníbal Torres, um dos principais aliados de Pedro Castillo, deixa cargo alegando 'questões pessoais'; novo primeiro-ministro deverá ser nomeado em 30 dias

Por Matheus Deccache 3 ago 2022, 18h25
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  • O primeiro-ministro do Peru, Aníbal Torres, renunciou nesta quarta-feira, 3, em meio a uma investigação criminal cada vez mais focada no presidente, Pedro Castillo, que se vê cada vez mais isolado após um ano no cargo. 

    Por meio de carta divulgada nas redes sociais, o advogado e um dos aliados mais leais de Castillo disse que estava deixando o cargo por “razões pessoais”. 

    + Com um ano de governo, presidente do Peru luta por sobrevivência política

    “Estou me retirando do cargo depois de ter servido nossa pátria e seu povo mais negligenciado e esquecido, junto com você. Hoje tenho que voltar às salas de aula da universidade com meus alunos e retomar o que mais senti falta: a pesquisa jurídica”, escreveu. 

    Com a renúncia, o presidente peruano será obrigado a nomear o seu quinto premiê em apenas um ano de governo, medida que normalmente ocasiona uma série de outras mudanças no alto escalão. 

    O abandono do cargo por Torres é mais um problema em meio aos tantos vividos por Castillo em seu turbulento mandato. Em paralelo, ele também é alvo de cinco investigações criminais, incluindo duas que apuram se ele faz parte de uma “organização criminosa”. De acordo com a legislação peruana, um presidente pode ser investigado enquanto estiver no cargo, mas não pode ser acusado. 

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    “Dá a impressão de que ele está exausto política e fisicamente. Ele não quer mais continuar no cargo”, disse Jorge Montoya, líder do partido ultraconservador Renovação Popular, ao jornal local RPP Noticias.

    Pedro Castillo, de 52 anos, chegou ao poder em julho de 2021 com um partido que se denomina marxisita-leninista, inicialmente causando pânico nos investidores. No entanto, desde então ele deu uma guinada pragmática e moderada, mantendo o principal ministério nas mãos de um tecnocrata.

    Com uma campanha que tinha o slogan simples “não há mais pobres em um país rico”, ele prometeu combater a corrupção, aumentar os impostos sobre os lucros da mineração, reescrever a Constituição e acabar com supostos monopólios que afetam os preços do gás doméstico e remédios.

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    Apesar das promessas, o presidente encontrou um Congresso dominado pela oposição e, segundo analistas, disposto a continuar a disputa política que viu presidentes e legisladores anteriores tentarem encurtar os mandatos uns dos outros. 

    Em 2019, o então presidente Martin Vizcarra dissolveu a Casa e convocou eleições legislativas para, no ano seguinte, ser removido do poder pelos deputados. Em seu lugar, Manuel Merino foi nomeado presidente pelo Congresso, mas renunciou menos de uma semana depois, após protestos mortais. Ele foi sucedido por Francisco Sagasti, que após nove meses entregou o cargo a Castillo, em 28 de julho de 2021.

    + Peru impõe toque de recolher em Lima após protestos

    De lá para cá, o atual presidente sofreu duas tentativas de impeachment por “incapacidade moral para governar”, que não foram para frente porque não conseguiram os 87 votos necessários para avançar. Além disso, o Congresso também engavetou as medidas propostas por ele para uma reforma constitucional. Suas promessas a respeito de uma reforma agrária, no entanto, ainda estão longe de serem cumpridas. 

    Todo esse cenário fez com que o índice de desaprovação do presidente chegasse a 70% na pesquisa mais recente, tornando ainda mais nebulosos os próximos quatro anos que Castillo ainda tem como presidente do Peru.

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