Premiê grego assume ‘responsabilidade política’ após incêndios mortais
Oposição acusa governo de fracassar em proteger seus cidadãos e não se desculpar por tragédia
Por Da Redação
Atualizado em 27 jul 2018, 21h20 - Publicado em 27 jul 2018, 20h35
O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, assumiu responsabilidade política nesta sexta-feira (27) pelo incêndio florestal que matou ao menos 86 pessoas, em um discurso diante do Conselho de Ministros. A oposição acusa o governo grego de fracassar em proteger seus cidadãos.
O vice-ministro de Proteção Cidadã, Nikos Toskas, havia informado na quinta-feira (26) que os incêndios poderiam ter origem criminosa.
“Eu os chamei aqui hoje para primeiramente assumir total responsabilidade política por esta tragédia perante meu gabinete e o povo grego”, disse.
“Não irei esconder que estou repleto de sentimentos mistos neste momento… dor, devastação pelas vidas humanas perdidas inesperada e injustamente. Mas também angústia sobre se agimos corretamente em tudo que fizemos.”
Depois de três dias de luto nacional, a oposição se voltou nesta sexta-feira contra o Executivo de Alexis Tsipras. O Nova Democracia, principal partido da oposição, criticou uma entrevista coletiva do governo na noite de quinta-feira, na qual nenhum pedido de desculpas foi feito.
A pressão cresce especialmente agora, que o governo está atrás do Nova Democracia em pesquisas de opinião, em um momento em que havia esperado finalmente tirar a Grécia de anos de resgates provocados por sua crise de dívidas e colher os benefícios políticos.
Vítimas
Nesta sexta-feira, o chefe do serviço médico legal de Atenas, Nikos Karakouis, elevou o número de vítimas mortais para 86. O balanço anterior era de 82.
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Na localidade de Mati, a mais afetada pelos incêndios, as equipes de resgate continuavam em busca dos desaparecidos, enquanto o processo de necropsia dos corpos das vítimas prosseguia nesta sexta-feira.
“De 75% a 80% dos corpos estão carbonizados”, explicou na rádio 9,84 o presidente do conselho grego médico-legal, Grigoris Léon.
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A identificação das vítimas levará alguns dias e não se descarta que, no caso de algumas, “estrangeiras ou solteiras”, esse processo talvez demore mais.
Problemas de urbanismo
As autoridades do governo grego questionaram as violações, durante décadas, das regras de urbanismo e construção. O governo apontou que, nessa área da costa de Ática, havia pelo menos 4.000 casas construídas irregularmente no meio de florestas de pinheiros.
“Toda a Grécia está construída sobre esse modelo”, lamentou o ministro do Interior, Panos Skourletis, que lembrou que seu governo “terá de enfrentar interesses organizados”.
(Com Reuters e AFP)
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