O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos Estados Unidos (NTSB) anunciou neste domingo 8 que a porta que se soltou de um avião durante pleno voo foi encontrada no quintal da casa de um professor, identificado apenas como Bob, no Oregon. A presidente da instituição, Jennifer Homendy, disse estar “muito aliviada” pela descoberta. Em entrevistas anteriores, ela afirmou que a parte perdida da fuselagem – cabine que abriga os passageiros e a tripulação – era o “componente-chave que faltava” para explicar o incidente “aterrorizante”.
“Nossa equipe de estruturas vai querer olhar tudo na porta – todos os componentes da porta para ver as marcas, ver qualquer transferência de tinta, qual o formato da porta quando foi encontrada. Isso pode dizer a eles muito sobre o que aconteceu”, explicou.
O incidente
Localizada no lado esquerdo da aeronave, a porta se desprendeu do jato Boeing 737 Max 9, da Alaska Airlines, na sexta-feira 5. A aeronave partiu de Portland, no Oregon, em direção à cidade de Ontário, na Califórnia. Ao escutar o “estrondo”, os pilotos retornaram ao aeroporto de decolagem e pousaram com segurança, com os 171 passageiros e seis funcionários. Um homem, que estava sentado na fileira próxima à porta, machucou o pé e um tripulante registrou ferimentos leves.
Ninguém estava sentado na exata poltrona ao lado do buraco aberto, responsável por despressurizar o avião. Além de gerar prejuízos à saúde daqueles a bordo, a perda de pressão torna o controle da aeronave mais difícil para os pilotos.
As investigações, além disso, enfrentam problemas. O gravador de voz da cabine não será capaz de auxiliar nas investigações, já que foi sobrescrito. O episódio levou reguladores a pedir que aviões modernos sejam capazes de capturar 25 horas de dados nos voos, superando as duas horas exigidas até o momento.
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Cerco contra Boeing
Não é a primeira vez que a aeronave em questão é fonte de preocupações. Nos dias 3 e 4 de janeiro, a luz que alerta para a falha de pressurização automática acendeu no mesmo jato da Boeing. Embora ainda seja cedo para determinar se os incidentes são conectados, a Alaska Airlines afirmou que o “problema foi totalmente avaliado e resolvido de acordo com os procedimentos de manutenção aprovados e em total conformidade com todos os regulamentos aplicáveis da FAA [Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos].”
A companhia aérea também argumentou que as alterações no sistema de pressurização são comuns em aviões de grande porte, como o Boeing 737 Max 9. Mas os avisos levaram a empresa a restringir esse modelo de realizar voos longos sobre a água. A decisão, segundo Jennifer Homendy, teria sido tomada para possibilitar que o jato conseguisse pousar em um aeroporto caso fosse necessário.
Até o momento, a Alaska Airlines cancelou 230 voos e advertiu que a interrupção deve perdurar até o meio desta semana. A United Airlines não ficou para trás e cancelou 230 voos no domingo, cerca de 8% das partidas programadas, além de ter impedido o funcionamento dos seus 79 MAX-9.
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FAA x Boeing
A Administração Federal de Aviação informou neste domingo que as frotas do Max 9 continuarão suspensas até que seus especialistas estejam convencidos de que são seguras. Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), no Brasil, também suspendeu o uso da aeronave.
Ainda que tenha dito que as inspeções exigidas levariam de quatro a oito horas, de forma a aumentar os rumores de que as operações retornariam rapidamente, a FAA e a Boeing não chegaram a um acordo sobre os critérios para verificações.
Dessa maneira, as companhias aéreas detentoras do modelo esperam pelas instruções detalhadas para prosseguir. No centro dos holofotes, a Boeing aguarda a certificação do Max-7 menor e do Max-10 maior, possíveis rivais do Airbus. Em 2019, autoridades internacionais bloquearam todos os aviões Max por 20 meses, motivadas por acidentes na Etiópia e na Indonésia, que mataram 346 pessoas.