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População de Veneza cai para menos de 50 mil e teme se tornar ‘passado’

Entre razões para afastamento populacional está turismo excessivo, exacerbado pela popularização de empresas aéreas de baixo custo e por sites de hospedagem

Por Vitória Barreto Atualizado em 4 jun 2024, 12h34 - Publicado em 10 ago 2022, 17h22
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  • No passado o centro de uma poderosa república, o centro histórico de Veneza, principal ilha da cidade italiana, pode ter menos de 50.000 habitantes pela primeira vez em sua história. Com a queda populacional, moradores dizem ter medo de se tornarem “relíquias em um museu aberto”.

    De acordo com dados do portal Venessia.com – grupo que há anos faz campanhas para preservar o patrimônio da cidade e acompanha o declínio residencial – 50.011 pessoas habitam a cidade, nesta quarta-feira, 10. É esperado que mais famílias se despeçam da região até sexta-feira, 12.

    Do início da década de 1950 para cá, o centro histórico já perdeu mais de 120.000 habitantes. Uma das principais razões para o afastamento populacional é o turismo excessivo, exacerbado pela popularização de empresas aéreas de baixo custo e por sites de hospedagem on-line.

    Enquanto os viajantes se acotovelam em filas, moradores sofrem com a demanda por transporte público e a inflação de aluguel e comida. Além disso, há ainda impactos ambientais preocupantes. 

    Construída em cima de uma laguna de pouca profundidade no Mar Adriático, Veneza tem uma característica que a torna única, a de ser uma cidade totalmente entrecortada pela água. O aquecimento global, porém, vem tornando o diferencial um problema constante por causa das enchentes: neste século já foram 130 e, em novembro de 2019, Veneza encarou uma inundação de 187 centímetros, a pior dos últimos cinquenta anos.

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    +Como Veneza luta para acabar com as inundações na cidade?

    Já de olho na queda populacional, autoridades regionais anunciaram neste ano um plano para atrair trabalhadores à cidade, sobretudo nômades digitais. No entanto, o projeto não teve o impacto engavetado e, para tentar amenizar o drama, o prefeito Luigi Brugnaro desengavetou medidas drásticas.

    Desde junho, início do verão europeu, Veneza faz os primeiros testes de um sistema de reserva para entrada em seu centro histórico. Embora o cadastramento ainda seja gratuito, a ideia é que, a partir de 2023, entrem em vigor taxas de 3 a 10 euros (até 52 reais), dependendo do número de pessoas que circulam (a taxa mínima é de até 40 mil visitantes). 

    Além disso, para não colocar o cartão postal italiano na lista de patrimônios em risco da Unesco, a Itália aprovou em meados de julho um decreto para impedir que navios de grande porte entrem nos canais do centro de Veneza. A ideia, além de modificar a logística de transportes marítimos na região, é fazer com que os milhares de turistas não entrem ao mesmo tempo na cidade, gerando gargalos. 

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    +Derretimento de geleira nos Alpes altera fronteira entre Suíça e Itália

    O centro histórico de Veneza não é o único que sofre pelo turismo exacerbado. Segundo a ONU, o número global de turistas dobrou em quinze anos: chegou a 1,3 bilhão por ano e pode passar de 2 bilhões em 2030. Cidades como Amsterdã e Barcelona já adotaram medidas eficazes como planos de limitação do número de leitos, tanto em hotéis como em locações como Airbnb. Na capital holandesa, ônibus de turismo foram banidos de algumas regiões e taxas turísticas foram implementadas. Protestos tomaram as ruas da cidade catalã, desde que a presença de turista cresceu dez vezes em vinte anos.

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