A pintura do século 17, que representa a história Carità Romana, da artista italiana Artemisia Gentileschi, foi quase vendida ilegalmente para uma casa de leilão em Viena, na Áustria. Nesta terça-feira, 19, o Comando Carabinieri para a Proteção do Patrimônio Cultural, força responsável pelo combate aos crimes de arte e antiguidades na Itália, barrou a exportação da obra, após os traficantes afirmarem que o quadro foi pintado por um seguidor de Gentileschi e não pela própria artista.
“A pintura estava prestes a ser leiloada”, disse o tenente-coronel Alfio Gullotta, à TV estatal italiana.
Os policiais começaram a investigar a movimentação da tela em 2020, e afirmaram que a pintura à óleo estava avaliada em cerca de 2 milhões de euros, equivalente a mais de 11 milhões de reais. As autoridades italianas suspeitam que os traficantes usavam uma sede na Toscana, na Itália, e pretendiam vender a obra no exterior sem fornecer documentação histórica sobre as origens reais da mesma.
A tela recém-resgatada tinha sido encomendada por um nobre da Puglia, em meados do século 17. A pintura retrata a história romana de como uma mulher, Pero, amamentou secretamente seu pai, Simon, depois que ele foi encarcerado e condenado à morte por inanição
Gilentschi, uma renomada artista barroca, é considerada hoje uma das mais bem-sucedidas pintoras de sua época. Além de ser conhecida por ter forte influência do pintor Caravaggio, ela foi famosa por representar sua fúria contra a violência que sofreu por ser mulher.
A artista foi torturada após atestar que tinha sido estuprada quando tinha 17 anos. Logo após o julgamento, fez a pintura Giuditta che Decapita Oloferne que retrata a passagem bíblica em que a viúva Judite, com a ajuda de uma criada, decapita o capitão Holofernes para salvar o povo de Betúlia da invasão assíria.
Em outro quadro da artista, Giuditta con la sua Ancella, Judite aparece com uma espada em punho e a cabeça de Oloferne num cesto.
Com a apreensão, os policiais conseguiram salvar a obra de uma artista que protestou contra as injustiças sofridas pelas mulheres, em uma época ainda mais sombria que os tempos de hoje.