A polícia do Irã abriu fogo contra pessoas em uma estação de trem em Teerã nesta quarta-feira, 16, e espancaram mulheres que não estavam usando o hijab, lenço islâmico que cobre a cabeça e cabelos.
Imagens compartilhadas pelas redes sociais mostraram passageiros correndo em direção às saídas da estação enquanto a polícia começou a atirar em uma plataforma movimentada. Os policiais também foram filmados pelos vagões dos trens espancando mulheres com cassetetes.
Horrific. Islamic Republic regime crackdown forces shooting at people in a metro station in Tehran. pic.twitter.com/PB5Af3wQmU
— Bahman Kalbasi (@BahmanKalbasi) November 15, 2022
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As manifestações que se espalharam pelo país após a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, sob a custódia da polícia estão prestes a entrar no terceiro mês e se intensificaram desde esta terça-feira 15, quando organizadores do protesto pediram três dias de ação para marcar o “Novembro Sangrento” de 2019, quando uma repressão a protestos de rua contra o aumento dos preços dos combustíveis levou a centenas de mortes.
Entoando cânticos como “Vamos lutar! Nós vamos morrer! Vamos recuperar o Irã!”, dezenas de pessoas se reuniram em torno de uma fogueira em uma rua de Teerã, mostrou um vídeo publicado em redes sociais. Os manifestantes também foram filmados cantando e incendiando hijabs nas estações de metrô e, de acordo com agências internacionais, seis pessoas morreram em todo o país durante a última noite.
As estações de metrô se tornaram um dos locais de maior repressão das forças iranianas contra a população desde a morte de Amini. No início de setembro, o secretário do Ministério para Promoção da Virtude e Prevenção do vício anunciou que o governo estava planejando usar tecnologia de reconhecimento facial para investigar mulheres gravadas em câmeras de segurança de transporte público.
https://twitter.com/i/status/1592956260252471296
Desde o início dos protestos, em setembro, o Irã já prendeu mais de 14 mil pessoas. Autoridades pediram para o judiciário não mostrar clemência aos detidos, e uma pessoa foi oficialmente condenada à morte.
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Segundo organizações de direitos humanos, 326 pessoas já foram mortas por conta das manifestações recentes. Este número, no entanto, pode ser ainda maior devido à falta de transparência do governo iraniano e à supressão da mídia e da internet no país.