A polícia do México confirmou nesta segunda-feira, 6, que três turistas estrangeiros – dois da Austrália e um dos Estados Unidos – foram assassinados. Na semana passada, os três corpos foram encontrados dentro de um poço, baleados na cabeça. As autoridades locais acreditam que os homens foram atacados ao tentar impedir o roubo de sua caminhonete.
Os irmãos australianos Jake e Callum Robinson, 30 e 33 anos, e seu amigo americano Jack Carter Rhoad, 30, desapareceram em 27 de abril durante uma viagem de surf em Ensenada, no estado de Baixa Califórnia. Seus corpos foram encontrados em um poço de 4 metros de profundidade, a cerca de 6 quilômetros do local do ataque na cidade de Santo Tomás, na última sexta-feira.
Barracas abandonadas, uma caminhonete branca queimada e um telefone ligado aos surfistas desaparecidos foram encontrados nas proximidades. Além disso, um quarto corpo foi encontrado no poço, mas já estava lá há mais tempo e não tinha ligação com o caso, disseram as autoridades.
Investigação
Maria Andrade, promotora estadual de Baixa Califórnia, afirmou nesta segunda-feira que parentes dos três homens identificaram seus corpos no domingo 5, depois de viajarem ao México para ajudar as investigações. Segundo ela, os agressores queriam o veículo para vender os pneus e atiraram nos turistas quando eles resistiram ao roubo. Anteriormente, o FBI declarou que estava investigando o caso e mantendo contato com parceiros internacionais.
Dois homens e uma mulher foram detidos sob suspeita de envolvimento direto ou indireto no ataque. Um homem com antecedentes criminais foi acusado de “desaparecimento forçado”.
Violência no México
A Baixa Califórnia é um dos estados mais violentos do México, acossado por guerras entre gangues de traficantes locais por território. Em 2023, a região alcançou o segundo maior índice de homicídios do país, depois do estado de Guanajuato, segundo dados oficiais.
O secretário de Defesa Nacional, Luis Cresencio Sandoval, disse no início deste ano que de 85% a 90% dos assassinatos cometidos em Baixa Califórnia estavam conectados ao tráfico de drogas e ao crime organizado. Mas a área de Ensenada, a cerca de 120km da fronteira entre os Estados Unidos e o México e popular entre surfistas do mundo todo (especialmente do estado americano da Califórnia), é considerada mais segura.
Não é a primeira vez, porém, que surfistas australianos morrem durante férias no México. Em 2016, Dean Lucas e Adam Coleman foram assassinados no noroeste do estado de Sinaloa quando reagiram durante uma tentativa de assalto. Seus corpos foram encontrados em sua van, que também foi queimada pelos criminosos, semanas depois.
Segundo o Departamento de Estado americano, pelo menos 1,6 milhões de cidadãos dos Estados Unidos vivem no México, que é também o principal destino dos turistas americanos em todo o mundo, somando mais de 30 milhões de visitas em 2022 (os últimos dados disponíveis). Naquele ano, 192 americanos morreram em território mexicano, sendo que 46 dos casos foram considerados homicídios.
Protestos
As mortes provocaram indignação na região de Ensenada, onde dezenas de manifestantes marcharam no domingo, carregando pranchas de surf repletas de slogans escritos em espanhol. “Eles só queriam surfar – exigimos praias seguras”, disse um dos cartazes. “Austrália, estamos com vocês”, disse outro.
Posteriormente, um grupo de surfistas realizou uma cerimônia de “remo”, mergulhando com suas pranchas no oceano em uma vigília para homenagear o trio.