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Polícia da Bielorrússia reprime protestos e prende mais de 6 mil pessoas

Manifestações tomaram o país após acusações de fraude na reeleição do presidente Lukashenko; União Europeia considera reimpor sanções como resposta

Por Da Redação
Atualizado em 12 ago 2020, 16h16 - Publicado em 12 ago 2020, 15h27

Mais de 1.000 manifestantes antigoverno foram presas pela polícia da Bielorrússia nas últimas 24 horas, elevando o total de detidos para mais de 6.000 pessoas desde o começo dos protestos e intensificando as negociações da União Europeia para novas sanções contra Minsk.

A polícia entrou em confronto com manifestantes por três noites consecutivas depois que o presidente Alexander Lukashenko foi reeleito com ampla margem no domingo 9. Adversários e críticos ao governo dizem que a disputa foi fraudada, e a principal oponente na eleição, a professora Svetlana Tikhanovskaya, disse ter fugido para a Lituânia para “proteger os filhos”. 

Centenas de manifestantes voltaram às ruas nesta quarta. Mulheres vestidas de branco formaram uma corrente humana do lado de fora de um mercado ao ar livre em Minsk, enquanto uma multidão se reuniu em frente à prisão onde os manifestantes detidos foram levados. O Ministério do Interior registrou 3.000 prisões na segunda-feira, 2.000 na terça-feira e outras 1.000 na quarta-feira.

Só na noite do segundo dia de protestos, o Ministério do Interior disse que 51 manifestantes e 14 policiais ficaram feridos em confrontos. Em Brest, cidade na fronteira com a Polônia, a polícia teria dado tiros com munição letal, segundo o próprio Ministério do Interior, depois que alguns manifestantes que carregavam barras de metal ignoraram os tiros de alerta disparados para o ar, de acordo com a pasta. Uma pessoa ficou ferida. Depois, o ministério removeu a referência a “munição real” de seu comunicado, segundo o jornal britânico The Guardian.

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Lukashenko acusou os manifestantes de estarem a serviço de autoridades da Rússia e de outros países. Ele minimizou os protestos, dizendo que “a maioria dos supostos manifestantes é formada por pessoas com histórico criminal e atualmente desempregadas”.

Denúncias de fraudes e de tentativas de ingerência são recorrentes em eleições no país. Em 2001, na primeira reeleição de Lukashenko, a Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), entidade internacional que fiscaliza eleições no continente, denunciou “falhas fundamentais” no processo eleitoral, como censura da mídia.

Durante os três dias de protestos, dezenas de jornalistas russos foram presos, muitos deles de agências de notícias, e equipes inteiras foram atacadas pela polícia e tiveram suas câmeras quebradas.

O “último ditador da Europa”, como Lukashenko é conhecido, trocou a tradicional aliada Rússia para buscar melhores laços com o Ocidente. Em 2016, a União Europeia suspendeu as sanções impostas sobre o histórico de ataques a liberdades civis do presidente. No entanto, o bloco afirmou que irá discutir novas medidas esta semana.

Ex-gerente de uma fazenda coletiva soviética, Lukashenko, de 65 anos, governa a Bielorússia desde 1994, quando foram realizadas as primeiras eleições do país, três anos após sua fundação. Atualmente, ele repercute na mídia pelo seu negacionismo da pandemia da Covid-19, mas há anos enfrenta duras críticas pela gestão da economia lenta e por desconsiderações pelos direitos humanos.

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(Com Reuters)

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