O presidente americano, Donald Trump, afirmou em anúncios de campanha nas redes sociais que pretende proteger o Cristo Redentor contra atos de vandalismo. Em um post no Twitter em que se vê a imagem do famoso cartão postal do Rio de Janeiro, a campanha afirma: “Nós vamos proteger isso!”. Sem dizer exatamente como pretende fazê-lo.
Desde que a morte de George Floyd desencadeou protestos ao redor do mundo, as manifestações passaram a incluir a derrubada de símbolos do passado escravocrata nos Estados Unidos. Assim, a estátua do General Lee, o líder do sul durante a guerra de secessão nos Estados Unidos e defensor da escravidão, foi vandalizada no estado de Virgínia; o monumento em homenagem a Edward Colston, um dos maiores traficantes de escravos da Inglaterra foi parar no fundo do rio, na cidade britânica de Bristol e até a imagem do descobridor da América, Cristóvão Colombo, foi obrigada a deixar seu pedestal na cidade americana de Baltimore.
Os atos despertaram polêmica e a ira dos conservadores. No discurso de comemoração da independência americana, Donald Trump investiu contra as “Multidões raivosas [que] estão tentando demolir estátuas de nossos fundadores, desfigurar nossos memoriais mais sagrados e desencadear uma onda de crimes violentos em nossas cidades”. Na semana passada, Trump assinou uma lei que determina sentença de 10 anos de prisão para os condenados por danificar monumentos federais.
Enquanto isso, símbolos importantes para defensores dos direitos civis também entram na mira de ativistas. Um dia após o discurso do presidente, uma estátua do ativista negro norte-americano Frederick Douglass, do século XIX, foi derrubada no estado de Nova York. A data coincide com aniversário de um famoso discurso feito pelo ex-escravo, em 1852, quando afirmou que as comemorações do Dia da Independência eram uma farsa se a nação seguia escravizando pessoas negras.
A derrubada da estátua, ocorrida na cidade de Rochester, foi vista como um ato de retaliação pelos ataques a monumentos ligados à escravidão, disseram ativistas dos movimentos por igualadade civil. O líder do grupo, Carvi Eison, disse que uma nova estátua de Douglass será colocada no local. Até agora, ninguém reivindicou a responsabilidade pelo ataque anônimo.
Mais do que uma discussão em torno dos monumentos, o que está em jogo é a disputa de narrativas. Em meio à queda de popularidade, enquanto vê o adversário democrata Joe Biden avançar nas pesquisas eleitorais, Trump tenta mobilizar sua base com discurso inflamados sobre temas polêmicos.
Já a insólita citação ao Brasil é mais provável que seja um aceno ao presidente Jair Bolsonaro depois que as relações entre os dois líderes esfriou desde que Trump não cumpriu a promessa de indicar o Brasil ao seleto clube da OCDE, que reúne as nações mais ricas do mundo. Até agora, não ha notícia de que alguém tenha tentado vandalizar o cristo redentor.