A Ucrânia inaugurou uma usina solar em Chernobyl nesta sexta-feira (5), bem em frente da usina que provocou o maior acidente nuclear da história. Instalados em área altamente contaminada estão 3.800 painéis, que geram energia suficiente para 2.000 residências.
A Chernobyl Solar será capaz de gerar 1 Megawatt. Trata-se de um projeto conjunto da empresa ucraniana Rodina e da alemã Enerparc AG, que custou cerca de 1 milhão de euros.
A área continua isolada, em grande parte inabitável, e pode ser visitada apenas com a companhia de guias munidos de medidores de radiação. Em abril de 1986, um teste mal-sucedido no reator número 4 da Usina Nuclear de Chernobyl, na antiga União Soviética, lançou nuvens de material nuclear por toda a região
Dezenas de milhares de moradores foram obrigados a abandonar o local. Trinta e um funcionários e bombeiros morreram, a maioria devido a doenças agudas causadas pela radiação. Nos anos seguintes, milhares de pessoas que tiveram contato com a radiação sucumbiram a doenças como o câncer. O saldo total de mortes e os efeitos de longo prazo na saúde continuam causando um debate intenso.
“Esta não é só mais uma usina de energia solar”, disse Evhen Variagin, executivo-chefe da Solar Chernobyl LLC. “É realmente difícil subestimar o simbolismo deste projeto, em particular”.
Esta é a primeira vez que há geração de energia no local desde 2000, quando a usina nuclear finalmente foi fechada. Valery Seyda, gerente da velha usina nuclear de Chernobyl, disse que jamais imaginou que seria gerada energia naquele lugar.
“Mas agora estamos vendo um novo broto, ainda pequeno, fraco, produzindo energia neste local, e isso dá muita alegria”, disse.
Há dois anos um arco gigantesco de 36.000 toneladas foi erguido sobre a usina nuclear para bloquear a radiação e para permitir que os restos do reator sejam desmontados em segurança.
A inauguração da Solar Chernobyl coincide com um aumento de investimento acentuado em recursos renováveis pela Ucrânia. Entre janeiro e setembro, mais de 500 MW de capacidade de energia renovável foram acrescentados ao sistema elétrico do país, mais do que o dobro de 2017, segundo o governo.
Yulia Kovaliv, que comanda o Conselho do Escritório Nacional de Investimento da Ucrânia, disse que os investidores querem aproveitar os benefícios de um regime de subsídios generoso antes de o Parlamento realizar uma votação sobre sua revogação, em julho do ano que vem.