O presidente chileno, Sebastián Piñera, propôs na noite desta segunda-feira 21 um “pacto social” para fazer frente às demandas expressas durante as intensas manifestações que duram quatro dias e já deixaram ao menos 11 mortos em todo o Chile.
“Amanhã (terça) me reunirei com presidentes de partidos, tanto do governo quanto da oposição, para poder explorar e tomara avançar para um pato social que permita a todos nos aproximarmos com rapidez, eficácia e também responsabilidade para melhores soluções aos problemas que afligem os chilenos”, informou Piñera.
Milhares de pessoas ocuparam a praça Itália, em Santiago, nesta segunda-feira, na maior manifestação registrada no local desde o início, na sexta passada, dos protestos que não diminuem de intensidade.
“Que os milicos vão embora!”, repetiram em coro os manifestantes, em aberto desafio às forças militares e policiais, que resguardam em grande número o centro da capital chilena, sob estado de emergência, sem que até o momento tenham ocorrido novos enfrentamentos.
“Isto não para, isto não para, irmão”, declarou uma manifestante a uma emissora de TV local, enquanto em um clima de grande tensão, os chilenos começavam o primeiro dia de trabalho após o início dos protestos, os mais violentos desde a volta do país à democracia, em 1990, com o fim da ditadura de Augusto Pinochet.
“O número oficial de mortos que temos que lamentar nestes últimos dias é 11”, disse a jornalistas Karla Rubilar, intendente (governadora) da Região Metropolitana.
Após esta coletiva, um jovem de 23 anos foi atropelado por um caminhão militar durante um saque na cidade de Talcahuano, 500 km ao sul de Santiago, tornando-se a 12ª vítima fatal dos protestos, segundo as autoridades da região de Biobío.
O ministro da Saúde, Jaime Máñalich, informou que há 239 civis feridos – oito em risco de vida – depois dos protestos.
O titular da pasta do Interior, enquanto isso, disse que 50 policiais e soldados também ficaram feridos. A procuradoria informou, ainda, 2.151 detidos em todo o país.
Neste primeiro dia de trabalho desde que os protestos começaram, muitos empregadores liberaram os funcionários e as aulas foram suspensas em praticamente todos os colégios e universidades.
As autoridades estimaram em 20 mil os postos de trabalho afetados pela destruição. A bolsa de Santiago caiu 4,61% e o peso chileno perdeu 2,06% de seu valor nesta segunda-feira, primeiro dia de operações após o início dos protestos.
A falta do metrô – eixo do transporte público, que transporta cerca de três milhões de passageiros por dia – é o que mais causa estranhamento nesta cidade de quase sete milhões de habitantes, agora obrigados a fazer longas filas para pegar ônibus ou para ter acesso às poucas estações que abriram.
A poucos metros da Casa de Governo, em pleno centro de Santiago, a estação de metrô La Moneda abriu suas portas depois das 7h locais (mesmo horário em Brasília), permitindo o ingresso de dezenas de pessoas que esperavam impacientes para poder embarcar. Vários soldados controlavam o fluxo de entrada.
Esta tarde, o chefe militar a cargo da segurança em Santiago, Javier Iturriaga, anunciou o decreto do toque de recolher pelo terceiro dia consecutivo.
“Precisamos novamente decretar toque de recolher, que vigorará para toda a região metropolitana a partir de hoje às 20h e até amanhã às 06h”, disse Itturriaga em mensagem transmitida pela TV.
(Com AFP)