O Observatório de Psicologia Social Aplicada (OPSA) da Universidade de Buenos Aires realizou uma pesquisa neste mês de junho para descobrir os preconceitos que prevalecem na Argentina. O levantamento, divulgado nesta quarta-feira, 26, revelou que a discriminação contra ideologias ou crenças políticas é a mais recorrente no país.
A pesquisa, realizada entre 19 e 22 de junho em Buenos Aires e outras cinco regiões do país, apontou que 45,2% dos argentinos se sentem discriminados por suas ideologias ou crenças políticas. Em segundo lugar, com uma porcentagem bem menor, 18,8% dos argentinos afirmaram que se sentem segregados por causa da idade.
Em terceiro e quatro lugares, com 14,4% e 12,4%, respectivamente, estão a condição física ou mental e o gênero. Por fim, a pesquisa aponta que 5,7% se sentem discriminados por causa da religião, 1,8% pela cor da pele, 1,1% pela orientação sexual e 0,6% pela etnia.
“Estes resultados reproduzem diretamente os obtidos no nosso estudo anterior, de 2020, apesar dos atores e partidos políticos envolvidos serem diferentes”, afirmam os autores da pesquisa da OPSA, Joaquín Ungaretti e Edgardo Etchezahar. “Isso indica que décadas de extrema polarização política não foram inofensivas para as relações entre os cidadãos argentinos. Pelo contrário, isso tornou-se o eixo central sobre o qual gira o problema da discriminação na Argentina”, acrescentam eles.
Onde a discriminação acontece
A principal área onde os argentinos relataram ter sido vítimas de preconceito foi a internet e as redes sociais, com 23,7% das respostas. Depois vieram espaços públicos (21,1%), local de trabalho (16,5%), ambiente familiar (14,3%), ambiente educativo (12,3%) e convívio com amigos (12,1%).
“Se relacionarmos estes resultados com os motivos da discriminação, podemos dizer que atualmente as redes sociais constituem um espaço virtual onde as polarizações políticas são potencializadas e a descarga emocional é transmitida”, apontam os autores da pesquisa.
Visão dos argentinos
Quando questionados sobre como descreveriam o restante dos argentinos, a maioria dos entrevistados elencou características negativas. Entre as que lideraram o número de respostas, estão: autoritários, preconceituosos, discriminatórios, agressivos, egoístas, sexistas e haters.
Na contramão, a maioria dos argentinos se considera acima da média quando o quesito é empatia, tolerância, generosidade, respeito, humildade e feminismo.
A pesquisa também questionou os argentinos em relação ao funcionamento do Instituto Nacional contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo (INADI), que foi fechado pelo presidente argentino, Javier Milei, em fevereiro. Ao todo, 52,6% se disseram a favor do fechamento. Ao mesmo tempo, porém, 60,9% dos entrevistados defenderam que o Estado destine recursos financeiros para as vítimas de discriminação.