O governo do Peru retirou de seus postos 16 funcionários públicos que foram irregularmente vacinados contra a Covid-19. As doses utilizadas foram produzidas pela farmacêutica chinesa Sinopharm e chegaram ao país no ano passado, juntamente com os imunizantes utilizados no ensaio experimental, como confirmado pela primeira-ministra Violeta Bermúdez.
Após o escândalo desencadeado pela vacinação secreta do ex-presidente Martin Vizcarra e de duas ex-ministras, o presidente do Conselho de Ministros pediu a todos os trabalhadores do setor público que confirmassem se eles também haviam sido imunizados.
“Em 14 de fevereiro, soubemos que de 16 funcionários vacinados, oito eram do Ministério da Saúde e oito do Ministério das Relações Exteriores. Nenhum deles faz mais parte da equipe do governo”, declarou Bermúdez em entrevista coletiva.
A chefe de gabinete acrescentou que há ainda dois ex-funcionários da Presidência do Conselho de Ministros que foram inoculados, um deles nomeado pelo Ministério das Relações Exteriores, e outro contratado pelo ex-primeiro-ministro Walter Martos, durante o governo de Vizcarra. “Nenhum destes dois funcionários foi contratado por minha administração e nenhum deles está trabalhando na Presidência do Conselho de Ministros”, destacou Bermúdez.
Após receber a lista de pessoas que foram irregularmente vacinadas pela Universidad Peruana Cayetano Heredia, responsável pelo estudo experimental da Sinopharm no Peru, a comissão encarregada de investigar o caso encontrou um número aproximado de funcionários públicos que se beneficiaram da imunização.
“Do número total de pessoas vacinadas (487), cerca de 25% eram funcionários públicos no momento em que receberam a vacina. Nenhum deles faz parte do governo atualmente”, garantiu Bermúdez.
Na segunda-feira 15, o Ministério Público iniciou uma investigação contra o ex-presidente Martin Vizcarra, depois de ele ter sido acusado de usar sua posição política para receber a vacina. O político insiste que fez parte dos voluntários do ensaio clínico, mas os responsáveis pelos testes negam.
A primeira-ministra reiterou a indignação do governo pelo uso irregular das vacinas experimentais, mas ressaltou que as pessoas beneficiadas “não podem manchar o trabalho de mais de 1 milhão de funcionários públicos do Estado”.
A primeira fase de vacinação no Peru tem os profissionais de saúde como grupo prioritário, mas o próprio presidente interino Francisco Sagasti, aos 76 anos, foi vacinado publicamente na última terça-feira 9, o primeiro dia de imunização no país. Na ocasião, o líder interino incentivou os peruanos a aderirem à campanha de vacinação.
(Com EFE)