O governo dos Estados Unidos anunciou que o censo demográfico de 2020 incluirá uma pergunta sobre a nacionalidade dos moradores do país. Em resposta, o Estado da Califórnia moveu ação contra a medida, argumentando que isso desencorajaria a participação dos imigrantes na pesquisa.
Na segunda-feira, o Departamento do Comércio, que supervisiona o censo, afirmou que decidiu acrescentar a questão sobre cidadania após um pedido do Departamento de Justiça para ajudar a melhorar a aplicação da Lei do Direito de Voto.
Apenas os cidadãos americanos podem fazer o registro para votar, mas o presidente Donald Trump afirma que milhões de imigrantes sem documentos votaram nas eleições presidenciais de 2016, sem apresentar provas.
Críticos da medida, contudo, apontam que a pergunta poderia desestimular imigrantes a participar no censo, pelo temor de que a informação possa ser usada contra eles, o que prejudicaria a exatidão da pesquisa. No censo de 2010, analistas consideram que 775.000 latinos não foram registrados.
O Estado da Califórnia, que tem uma grande população imigrante, respondeu na terça-feira entrando com uma ação em um tribunal federal contra o Departamento de Comércio e o Escritório do Censo dos Estados Unidos, que organiza o censo.
O Procurador Geral da Califórnia, Xavier Becerra, pediu ao Tribunal Distrital dos EUA no Distrito Norte da Califórnia para emitir uma liminar determinando que a medida viola a Constituição ao interferir na obrigação de conduzir uma contagem completa da população dos Estados Unidos.
O censo afeta a distribuição de mais de 675 bilhões de dólares por ano em recursos federais para escolas, hospitais, estradas e outros serviços públicos, segundo o Escritório do Censo. Também determina a quantidade de assentos para cada estado na Câmara dos Deputados.
A última vez que uma pergunta sobre cidadania foi incluída no questionário do censo foi em 1950. Especialistas temem que a reintrodução da pergunta possa afetar o balanço de poder no Congresso.
O anúncio foi feito enquanto o presidente Donald Trump tenta manter sua promessa de campanha de construir um muro de fronteira entre o México e os Estados Unidos, reprimindo a imigração ilegal. Trump impôs medidas mais rigorosas na imigração e baniu viajantes de vários países de maioria muçulmana logo após assumir o cargo em janeiro de 2017.
(Com Reuters e AFP)