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‘Perdi as esperanças’, diz primeiro comandante de submarino

Militar aposentado Carlos Zavalla diz sentir orgulho do ARA San Juan, mas acredita que não verá o submarino novamente

Por Cláudio Goldberg Rabin, de Mar del Plata
26 nov 2017, 16h08
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  • Para Carlos Zavalla, o que fica do submarino argentino desaparecido ARA San Juan é orgulho. Zavalla foi o primeiro comandante e acompanhou a construção da embarcação entre 1983 e 1985, na Alemanha. “Levo boas lembranças do San Juan. Desenhei seu escudo com meu irmão já falecido”, disse a VEJA por telefone, emocionado.

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    O militar aposentado entende bem das dificuldades de buscas em alta profundidade e tem poucas esperanças de que encontrem a embarcação. Confira abaixo os principais trechos da entrevista:

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    Como foi a sua relação com o submarino? Fui o primeiro comandante e naveguei muitas vezes com ele. Acompanhei sua construção na Alemanha entre 1983 a 1985. Fiz a viagem inaugural de lá até Mar del Plata, onde passei mais dois anos no comando testando o submarino em exercícios militares internacionais e incorporando o sistema de armas.

    Chegou a passar por algum problema? Tivemos pequenas falhas e inconvenientes, sobretudo de comunicação e com sistemas de controle, mas nada incomum.

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    E ele operava normalmente depois de tanto tempo? O equipamento foi todo renovado e reinaugurado em 2014. Em 2017, ele já tinha feito três viagens de 15 ou 20 dias. Cada vez que o submarino vai fazer uma viagem, ele passa por um check list feito ainda no porto que demora 48 horas. É um momento onde se testam todos os sistemas e se corrigem pequenas falhas.

    Há uma possibilidade de que algo tenha ocorrido com a bateria. É possível? A bateria foi trocada na reforma. Pode se comprar uma nova, o que é muito caro, ou se usa o que está útil de cada uma como a carcaça. Este recipiente é o que foi reutilizado, mas todo o resto é novo. E estava comprovado que funcionava bem já que faz dois anos que estavam em operação.

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    Como recebeu a informação de que estava desaparecido? Quando escutei a primeira notícia, vi que muita gente começou a falar o que não sabia. O primeiro que pensei foi na família dos tripulantes, pois até um primeiro momento tratava-se de um problema de comunicação. Era única coisa concreta e deveríamos ter esperanças.

    O que o senhor pensou quando a explosão foi confirmada? Entendi que as esperanças de encontrar os tripulantes estavam perdidas. Compreendi que com essa explosão, ele teria sido destruído. O que me reconforta é que os tripulantes não sofreram na morte. Foi rápido. Não espero por um milagre. Eu perdi as esperanças. Agora, já não há mais sinais de que podem estar vivos.

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    Mas o submarino ainda pode ser encontrado? O fundo mar não é uma coisa lisa. Está cheia de penhascos submersos. É possível que por pura sorte o encontrem rápido, mas deve levar muito tempo. Podem não encontrá-lo. Exigirá muita perseverança em um ambiente muito difícil.

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    Como se sente pessoalmente com o destino do ARA San Juan? Sinto muita pena, me custa a processar essa perda. O submarino estava cumprindo sua tarefa e agora sinto que não vou mais vê-lo. Nada vai tirar de mim a felicidade de ter construído e estado nele. De ter desenhado o seu escudo com meu irmão, que já faleceu. É uma boa lembrança que carrego comigo. O que fica do submarino é orgulho.

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