Suspeita-se que quase 80 alunos do ensino fundamental, a maioria meninas, tenham sido envenenados no último fim de semana e levados ao hospital em uma província no norte do Afeganistão, revelou um funcionário do sistema de educação afegão no domingo 4.
Os envenenamentos aconteceram em Sangcharak, disse Mohammad Rahmani, chefe do departamento de educação da província. Ele disse que 60 alunos foram envenenados na escola Naswan-e-Kabod Aab e outros 17 envenenados na escola Naswan-e-Faizabad.
“Ambas as escolas primárias estão próximas uma da outra e foram atacadas uma após a outra”, disse ele à agência de notícias Associated Press. “Nós transferimos os alunos para o hospital e agora eles estão bem.”
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A unidade de inteligência do departamento de polícia de Sangcharak disse que ainda está investigando o assunto, de acordo com Rahmani, que afirmou ter falado diretamente com a polícia. Até agora, não está claro quem é o culpado, quais são suas motivações, nem o possível tipo de veneno usado contra as crianças, matriculadas da primeira à sexta séries.
A educação feminina se tornou uma questão polêmica no Afeganistão desde a tomada do país pelo Talibã, em 2021, quando o grupo iniciou um processo de revogação de direitos das mulheres e exclusão da vida pública.
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Algumas das mais marcantes restrições do grupo dizem respeito ao sistema educacional. Meninas foram impedidas de retornar ao Ensino Médio e universidades, privando uma geração inteira de oportunidades acadêmicas.
Após pressão internacional, o Talibã manteve as escolas primárias abertas para meninas até os 12 anos de idade, de acordo com a agência de notícias Reuters.
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No entanto, mesmo durante o governo anterior no Afeganistão, que era apoiado por potências como os Estados Unidos, ocorreram vários ataques de envenenamento contra alunas.
Em 2012, mais de 170 mulheres e meninas foram hospitalizadas depois de beber água de um poço aparentemente envenenado em uma escola. Autoridades locais de saúde culparam grupos extremistas contrários à educação feminina pelos atos.
Desde novembro passado, o vizinho Irã também foi abalado por uma onda de envenenamentos, principalmente em escolas femininas, no contexto de protestos em massa pelos direitos das mulheres. Milhares de estudantes disseram que ficaram doentes devido a uma “fumaça nociva”, mas não há informações sobre quem pode estar por trás dos incidentes ou quais produtos químicos foram usados.