A pouco mais de dois meses das eleições antecipadas no Reino Unido, o Parlamento britânico foi dissolvido no início desta quarta-feira, 6. O pleito, que definirá os 650 membros da Câmara dos Comuns e o novo primeiro-ministro, está marcado para 12 de dezembro e será o segundo desde o referendo que decidiu o Brexit, em 2016.
O premiê Boris Johnson, em discurso também nesta quarta-feira, 6, atacou seu rival eleitoral e líder da oposição, Jeremy Corbyn. “Imagine acordar na sexta-feira 13, de dezembro, e encontrar Corbyn liderando essa coalizão de dar ânsia”, disse, sobre a aliança do Partido Trabalhista com os liberais-democratas e outras legendas menores.
Corbyn, membro do Partido Trabalhista, defende um novo referendo para resolver o Brexit até o final do primeiro trimestre de 2020.
O pleito do dia 12 foi aprovado pelos próprios parlamentares no dia 31 de outubro — data que antes fora prevista para a saída oficial do Reino Unido da União Europeia — após os britânicos e a UE entrarem em acordo para o quarto adiamento do Brexit, desta vez, para o próximo 31 de janeiro.
Até então, as eleições estavam previstas para 2022, em concordância com a lei eleitoral de 2011, que prevê intervalo de no máximo cinco anos entre um pleito e outro. Também de acordo com a legislação, o Parlamento foi dissolvido com pelo menos 25 dias de antecedência da votação nas urnas.
O Partido Conservador, do premiê Johnson, não tem boas lembranças da última vez em que eleições gerais foram convocadas antecipadamente. Em 2017, um ano após o referendo que tem sido usado como fundamento para a saída do Reino Unido da UE, a então premiê conservadora, Theresa May, chamou o povo às urnas. Mas, após o resultado, acabou perdendo sua maioria absoluta no Parlamento, o que lhe impossibilitou de aprovar um acordo para o Brexit.
Três semanas e dois dias
O último período de sessões do Parlamento britânico, que foi iniciado no dia 14 de outubro após Johnson suspender o Legislativo por mais de um mês — uma medida considerada “ilegal” pela Suprema Corte britânica —, durou apenas três semanas e dois dias.
Apenas três propostas de lei foram aprovadas, duas delas relacionadas especificamente à Irlanda do Norte, mas sem relação direta com o Brexit. A terceira foi a própria moção para antecipar as eleições gerais.
Apesar de breve, o período marcou a primeira vez em 30 anos, desde a Guerra das Malvinas, que a Câmara dos Comuns se reuniu em um sábado. No dia 19 de outubro, os parlamentares debateram sobre o plano do governo Johnson para o Brexit, mas o governo não pôs a proposta em votação. Três dias depois, a proposta foi aprovada provisoriamente.
Também nesse período, a Câmara dos Comuns deu adeus a um de seus presidentes mais carismáticos dos últimos anos. John Bercow, presidente da Casa desde 2009, ganhou fama na imprensa internacional pela sua forma de pedir “ordem” aos colegas parlamentares. No dia 31 de outubro, ele foi substituído por Lindsay Hoyle, do Partido Trabalhista.