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O labirinto do Brexit

Nos últimos 3 anos, o governo britânico vem se desdobrando para tentar concluir um acordo que agrade ao maior número de setores possível

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 out 2019, 22h13 - Publicado em 31 out 2019, 19h27

Quando aprovaram em referendo a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), em junho de 2016, os britânicos acabaram presos em um labirinto político que não parece mais ter fim. Dão voltas, procuram atalhos e acabam em becos ao tentarem fechar um acordo que minimize os impactos do divórcio. No mais recente capítulo, o Parlamento apoiou a realização de eleições antecipadas em 12 de dezembro, às quais o primeiro-ministro Boris Johnson tenta sobreviver para, em 31 de janeiro, liderar o Brexit. Ainda assim, o futuro do país é incerto, e não há uma saída clara para o imbróglio político.

O périplo começou com a proposta de referendo apresentada pelo então premiê David Cameron. Com 52% dos votos, os britânicos escolheram deixar o bloco europeu e, em março de 2017, o Reino Unido acionou o Artigo 50 do Tratado Europeu de Lisboa, que deu início ao Brexit.

Desde então, o país já viu dois primeiros-ministros renunciarem e passou por uma eleição geral. Os britânicos fecharam duas versões diferentes de acordos de saída com a União Europeia para minimizar os efeitos do divórcio – uma delas foi rejeitada três vezes pelo Parlamento britânico. Além disso, foram concedidas três extensões para o prazo do rompimento definitivo – de 29 de março para 22 de maio, depois para 31 de outubro de 2019 e, agora, 31 de janeiro de 2020.

Clique nos números para relembrar os principais acontecimentos desde que o Brexit foi aprovado em 2016 e entenda como os britânicos se envolveram nesse labirinto que parece sem saída.

 

Desde o início da campanha a favor do Brexit, antes do referendo de 2016, já se discutia como uma processo de saída da União Europeia seria complexo. Os países do bloco estão integrados em diversas áreas e compartilham, além de  um mercado único, leis e regulamentações sobre os setores financeiro, de saúde, pesca, agricultura, aviação, imigração, direitos humanos e muitos outros.

O resultado do referendo foi uma grande surpresa para muitos, inclusive para aqueles que faziam campanha a favor do Brexit. “Como ninguém imaginava que isso aconteceria de fato, não havia nenhum plano esquematizado quando a saída foi aprovada”, diz Christopher Stafford, professor da Universidade de Nottingham.

Nos últimos três anos e meio, membros do governo britânico e do Parlamento vem se desdobrando para tentar concluir um acordo de divórcio que minimize os impactos de um rompimento e ainda agrade ao maior número de setores possível. A tarefa é quase impossível. “E muitos parlamentares, tanto aqueles que apoiam o Brexit como aqueles que são contra, tornaram tudo ainda mais difícil”, comenta Stafford.

E agora?

A aprovação da realização de eleições antecipadas em 12 de dezembro traz novas perspectivas para o cenário já conturbado do Brexit.

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Boris Johnson perdeu a maioria de assentos que seu Partido Conservador mantinha na Câmara dos Comuns, em setembro, depois que alguns deputados decidiram abandonar a legenda em protesto contra suas políticas sobre a saída da União Europeia. Um novo pleito traz a grande esperança para o premiê restaurar sua vantagem e, quem sabe, concluir o processo de divórcio antes de 31 de janeiro.

Se reeleito, Johnson deve pressionar pela aprovação do pacto já negociado com a União Europeia para concretizar o Brexit o quanto antes. “Mas ele poderia também tentar deixar o bloco sem um acordo ou tentar negociar mais uma vez com os europeus, nunca se sabe”, diz Christopher Stafford.

Segundo as mais recentes pesquisas de opinião, o atual premiê lidera as intenções de voto com uma margem de 15 a 17 pontos porcentuais. Em segundo lugar está o Partido Trabalhista, de Jeremy Corbyn, que sempre fez campanha contra o divórcio.

Apesar de ter se recusado a apoiar a convocação das eleições durante os últimos meses, o líder da oposição cedeu no último momento e concordou com a medida proposta pelo governo. Em seguida, prometeu lançar “a campanha mais ambiciosa e radical para uma verdadeira mudança” em todo o país – a conquista da maioria pelos trabalhistas e sua ascensão ao posto do Johnson.

Mesmo em segundo lugar, Corbyn já faz planos e promete, se eleito, negociar um “acordo sensato” com a União Europeia e submetê-lo a um referendo popular. No pleito, haveria também a possibilidade de a população escolher, novamente, se quer ou não a saída do Reino Unido da União Europeia.

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“A eleição será como um segundo referendo. Será uma grande batalha entre aqueles que querem o Brexit e aqueles que desejam ficar na União Europeia”, diz Stafford.

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