Diante da tensão provocada pelos ataques de Mumbai no mês passado, o Paquistão disse nesta terça-feira que o processo de paz com a Índia deve avançar a fim de “frustrar os planos dos terroristas”. Em artigo publicado pelo jornal The New York Times, o presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, pediu ainda que Nova Délhi pare de acusar o Paquistão de ser cúmplice do episódio.
Para introduzir o assunto, Zardari invocou os atentados contra sua mulher, a ex-premiê paquistanesa Benazir Bhutto, que morreu em um ataque terrorista em Karachi no dia 27 de dezembro do ano passado. “O Paquistão está chocado com os ataques terroristas em Mumbai. Nos identificamos com a dor da Índia. Eu sou especialmente empático. Vejo essa dor todas as vezes que olho nos olhos dos meus filhos”, escreveu Zardari.
O presidente paquistanês avaliou que, “para frustrar os planos dos terroristas, as duas grandes nações, nascidas juntas na mesma revolução e decreto em 1947, devem continuar a avançar no processo de paz”. Zardari também ressaltou que o Paquistão está comprometido na “perseguição, prisão, julgamento e punição de todos os envolvidos nesses ataques atrozes”.
Para reafirmar o comprometimento do Paquistão, Zardari lembrou a operação policial de domingo passado, quando foram presos 15 militantes. Essa foi a primeira resposta de Islamabad aos insistentes pedidos da Índia e dos Estados Unidos para que o Paquistão tomasse uma atitude contra os supostos responsáveis pelos ataques de Mumbai, que deixaram 171 mortos no dia 26 de novembro.
Segundo Zardari, quase 2.000 paquistaneses perderam suas vidas para o terrorismo apenas neste ano, sendo 1.400 civis. “O terrorismo é tanto uma ameaça regional como global, e precisa ser combatida coletivamente. Entendemos as considerações políticas da Índia após os atentados de Mumbai. Apesar disso, acusações de cumplicidade por parte do Paquistão apenas complica a já complexa situação”, considerou. Desde 1947, as duas nações nucleares já se enfrentaram em três guerras.