Paquistão liberta ex-número dois dos talibãs afegãos
Afeganistão espera que Abdul Ghani Baradar ajude no processo de paz
O Paquistão libertou neste sábado o mulá Abdul Ghani Baradar, ex-braço direito do chefe dos talibãs afegãos, o mulá Omar, a pedido de Cabul, que confia nele para promover negociações de paz com os insurgentes. A libertação de Baradar foi solicitada pelo próprio presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, em uma visita a Islamabad em agosto.
Segundo Islamabad, a libertação do mulá Baradar tem como objetivo “facilitar o processo de reconciliação afegão” para colocar fim ao conflito iniciado há quase 12 anos entre o governo de Cabul, apoiado pela Otan, e os insurgentes talibãs.
O Paquistão havia anunciado na noite de sexta-feira a libertação de Baradar neste sábado. “Sim, Baradar foi libertado”, confirmou pela manhã o porta-voz do ministério paquistanês do Interior, Omar Hamid, sem fornecer mais detalhes.
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O governo afegão tenta há anos negociar com os rebeldes, depois de não conseguir derrotá-los pelas armas, nem mesmo com a ajuda da Otan. Em 2010, quando foi detido, Baradar defendia o início de um diálogo de paz.
“Agradecemos ao governo do Paquistão por ter respondido positivamente ao pedido do governo afegão. O Paquistão libertou neste sábado o mulá Abdul Ghani Baradar, ex-braço direito do chefe dos talibãs afegãos (mulá Omar), a pedido de Cabul. Estamos muito felizes com esta libertação”, disse Mohamad Islamil Qasimyar, membro do Alto Conselho para a Paz afegão, um órgão governamental criado por Karzai para negociar com os talibãs. “Baradar continua disposto a participar de negociações de paz, e esperamos que o faça em breve”, afirmou Qasimyar.
Destino – Apesar de ceder ao pedido afegão, o governo do Paquistão disse nesta semana que não entregaria Baradar a Cabul. “Ele é quem deve decidir se quer viver aqui ou em outro lugar”, disse Sartaj Aziz, principal assessor diplomático do primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif.
Vários destinos no exterior foram sugeridos, como Turquia, Arábia Saudita ou Emirados Árabes Unidos, mas, segundo diversas fontes talibãs, ele pode permanecer no Paquistão e se deslocar entre Karachi (sul), onde parte de sua família vive e onde foi detido em uma operação realizada pela CIA americana e por agentes paquistaneses.
Após a prisão, o Paquistão foi acusado de sabotar as iniciativas de paz no Afeganistão, um país devastado por mais de 30 anos de guerras. O Paquistão é um aliado de Washington e ao mesmo tempo próximo dos talibãs afegãos de um ponto de vista histórico.
Desde 2012, o Paquistão, que combate em seu próprio território uma rebelião talibã local, afirmou estar disposto a favorecer um processo de paz no Afeganistão e tem libertado talibãs afegãos que havia detido. Baradar é o 34º talibã libertado pelo Paquistão desde o ano passado.
(Com agência France-Presse)