Em uma autobiografia que será publicada na próxima semana, o papa Francisco afirmou que a possibilidade de sua renúncia é uma “hipótese distante”, que só seria impulsionada por “um impedimento físico grave”. Alguns trechos foram adiantados pelo jornal italiano Corriere della Sera nesta quinta-feira, 14.
“Esta é uma hipótese distante, porque não tenho razões suficientemente sérias para me fazer pensar em desistir”, disse Francisco na obra “Vida: Minha história através da História”, que chegará ao Brasil pela HarperCollins, em abril.
A autobiografia escrita pelo papa, de 87 anos, em conjunto com Fabio Marchese, vaticanista e amigo pessoal de Francisco, será lançada em italiano e inglês na terça-feira, 19 de março. A obra conta a história da vida do papa desde a infância até os dias de hoje, incluindo acontecimentos históricos, como as bombas de Hiroshima e Nagasaki, o golpe militar na Argentina – e a história de como sua família escapou de um naufrágio que matou 300 imigrantes no início do século XX.
Saúde
Apesar de ter sido hospitalizado no ano passado devido a problemas no intestino e de sofrer com outros problemas de saúde, como mobilidade reduzida (ele usa bengala e cadeira de rodas), além de crises de bronquite ou resfriados (que o levaram a limitar suas aparições públicas), Francisco afirma que está bem.
“Graças a Deus, gozo de boa saúde e, se Deus quiser, ainda há muitos projetos a realizar”, afirmou o líder da Igreja Católica no livro.
Manobras no Vaticano
Segundo ele, alguns membros do Vaticano ficaram “mais interessados em política, em fazer campanha eleitoral, pensando quase em um novo conclave” durante o período em que ele esteve internado do que em seu retorno.
“É verdade que o Vaticano é a última monarquia absoluta da Europa, e que aqui ocorrem frequentemente raciocínios e manobras cortesãs, mas esses padrões devem ser abandonados definitivamente”, conclamou.
Francisco diz também que, no conclave de 2013, havia um grande desejo pela mudança, mas que “há sempre aqueles que tentam frear as reformas, aqueles que gostariam de permanecer imóveis na época do papa-rei”.
Abdicação
O papa afirmou ainda na autobiografia que, caso precise abdicar por questões de saúde, não deseja ser chamado de Papa Emérito, mas simplesmente Bispo emérito de Roma. Além disso, disse que voltaria a ser confessor na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma.
“Nesse caso, já assinei no início do pontificado a carta com a renúncia que está depositada na Secretaria de Estado”, declarou.
Progressista x Conservador
O livro aborda ainda algumas declarações negativas contra o papa. Segundo ele, a ideia de que ele estaria “destruindo o papado” foi a que mais o afetou.
Francisco também reforçou sua condenação ao aborto e afirmou que sua preocupação com as pessoas mais pobre e marginalizadas não o torna comunista ou marxista.