Neste domingo, 23, durante a COP29 em Baku, Azerbaijão, os países participantes chegaram a um acordo significativo sobre financiamento climático, estabelecendo uma meta anual de 300 bilhões de dólares para ajudar nações mais pobres a enfrentar os impactos das mudanças climáticas. Este novo compromisso substitui a meta anterior de 100 bilhões de dólares anuais, que deveria ter sido cumprida até 2020, mas foi alcançada apenas em 2022 e expira em 2025. A decisão foi considerada um avanço, embora tenha gerado críticas de países em desenvolvimento, que a consideraram insuficiente.
O chefe de clima da ONU, Simon Steill, elogiou o acordo como uma “apólice de seguro para a humanidade”, enfatizando que ele pode impulsionar o crescimento da energia limpa e beneficiar bilhões de pessoas ao redor do mundo. No entanto, ele alertou que “como qualquer apólice de seguro, ela só funciona se os prêmios forem pagos integralmente e pontualmente”. As discussões sobre o financiamento se estenderam além do prazo original da conferência, refletindo as dificuldades em alcançar um consenso entre quase 200 países.
As negociações foram marcadas por tensões entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Delegados de nações vulneráveis expressaram frustração com a falta de inclusão nas discussões e temores de que países produtores de combustíveis fósseis estivessem tentando diluir o acordo. O debate central girava em torno da responsabilidade financeira das nações industrializadas, cujas emissões históricas de gases do efeito estufa são responsáveis pela maior parte dos danos climáticos enfrentados atualmente.
Além do financiamento anual, os países concordaram em estabelecer regras para um mercado global de créditos de carbono, que poderia mobilizar ainda mais recursos para projetos voltados ao combate ao aquecimento global. A meta é limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, um objetivo crítico para evitar consequências climáticas catastróficas.
A proposta inicial para o financiamento climático era de 250 bilhões de dólares anuais até 2035, mas muitos especialistas e ativistas consideraram esse valor muito abaixo do necessário. Eles argumentam que seria preciso arrecadar entre 1 e 1,3 trilhões de dólares por ano para atender às necessidades reais dos países afetados pelas mudanças climáticas. A falta de clareza sobre como esses fundos seriam obtidos—se por meio de doações ou empréstimos—também gerou preocupações sobre o aumento da dívida nas nações mais vulneráveis.
Com a COP29 se encerrando sem um acordo definitivo sobre as metas financeiras necessárias após 2025, a expectativa é que as negociações continuem no futuro próximo. Especialistas alertam que sem um comprometimento claro e adequado ao financiamento climático, as promessas do Acordo de Paris correm o risco de não serem cumpridas.