James e Jennifer Crumbley, pais do autor de um ataque a tiros em uma escola no Michigan, nos Estados Unidos, foram condenados nesta terça-feira, 9, a 15 anos de prisão por homicídio culposo. Eles são os primeiros pais a serem responsabilizados por um massacre cometido por um filho. Foi o desfecho de um caso histórico que envolveu toda a família do adolescente de 15 anos, Ethan Crumbley, que levou uma arma para a escola em 2021 e matou quatro alunos, deixando outros sete feridos.
Antes de dar a sentença, a juíza responsável pelo caso, Cheryl Matthews, disse que as condenações não era sobre uma possível “educação ruim” do filho, mas sobre os pais terem ignorado os sinais de alerta sobre a ameaça que Ethan representava. De acordo com ela, os país deram ao jovem acesso “irrestrito” a armas, além de terem comprado uma pistola para ele dias antes da chacina.
“Essas condenações confirmam atos repetidos, ou falta de atos, que poderiam ter parado um trem desgovernado”, disse a juíza. “A oportunidade se apresentou repetidamente, cada vez mais alto, e foi ignorada. Ninguém respondeu. E essas duas pessoas deveriam ter feito isso, e com certeza não fizeram”, afirmou a juíza, acrescentando que James e Jennifer glorificam o uso de armas.
Os pais de Ethan foram considerados culpados de quatro acusações de homicídio culposo, uma para cada estudante que ele assassinou. O adolescente foi julgado como adulto e condenado à prisão perpétua sem liberdade condicional em 2022.
Tentativa de defesa
Antes de serem condenados, os Crumbleys se dirigiram às famílias que perderam seus filhos na chacina e estavam presentes no tribunal. Os dois expressaram condolências e afirmaram nunca ser capazes de sentir “a mesma dor” e “agonia” que eles.
A defesa de Jennifer, que pediu que ela fosse sentenciada à prisão domiciliar, ressaltou que ela já tinha “sofrido demais” após o tiroteio. De acordo com eles, ela “perdeu tudo”, se sente “sobrecarregada, sabendo dos atos horríveis que seu filho fez e sempre questionando cada escolha que fez como mãe”. Já advogada de James argumentou que ele não tinha como prever a intenção de seu filho.
A chacina
O massacre ocorreu em 30 de novembro de 2021, na escola de Oxford, no estado do Michigan. Instantes depois dos tiros, as autoridades registraram mais de 100 ligações de emergência. Os quatros mortos por Ethan foram identificados como Hana St. Juliana, de 14 anos, Madisyn Baldwin, de 17 anos, Tate Myre, de 16 anos, e Justin Shilling, de 17 anos. Outras sete pessoas ficaram gravemente feridas após o tiroteio, entre elas uma professora.
Na lei do Michigan, a pena de homicídio culposo pode ser aplicada caso se conclua que houve contribuição de terceiros para que o crime acontecesse. Esse foi o caso dos pais de Ethan.
Segundo Michel Bouchard, o xerife do condado de Oakland, James chegou a comprar a arma para o menino dias antes do ocorrido. Além disso, a mãe foi notificada pela escola da potencial ameaça. Dias antes do massacre, uma professora contou a ela ter visto o jovem pesquisando munições na internet. Na ocasião, a responsável não retornou o contato e chegou a mandar uma mensagem para o filho pedindo para ter cuidado para “não ser pego”.
Outro professor também fez alertas sobre algumas atitudes de Ethan. Algumas horas antes do tiroteio, o menino foi levado à diretoria por ter desenhado, em sala de aula, uma arma com a frase “os pensamentos não param, me ajude”. Os pais do jovem foram convocados imediatamente à escola, mas resistiram em levar o menino para casa.
Logo que se espalhou a notícia de que havia um atirador na escola, Jennifer mandou uma mensagem para o filho dizendo “não faça isso”. Em seguida, James ligou para a polícia porque não encontrou sua arma, que ficava escondida na gaveta do quarto, afirmando que Ethan poderia ser o responsável pela chacina.