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Os últimos dez ganhadores do Nobel da Paz

Além de defensores dos direitos humanos e da diplomacia, foram premiados projetos de combate a violência contra mulheres e a armas nucleares

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 out 2019, 09h53 - Publicado em 11 out 2019, 09h44

Criado em 1901 pelo inventor e empresário norueguês Alfred Nobel, o Nobel da Paz homenageia homens e mulheres por seus trabalhos na busca da fraternidade entre as nações, fim de conflitos e promoção do diálogo.

Todos os anos, o laureado é selecionado pelo Comitê do Nobel, composto por cinco membros nomeados pelo Parlamento da Noruega. O prêmio é concedido em uma cerimônia em dezembro na Prefeitura de Oslo.

Ao todo, já foram distribuídos 100 prêmios Nobel para 134 laureados entre 1901 e 2019, já que em alguns anos a homenagem é distribuída entre mais de uma liderança. Foram 107 indivíduos e 24 organizações homenageadas – o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) receberam a honra mais de uma vez.

Em 2019, o prêmio foi dedicado ao primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, por sua atuação para o fim dos conflitos de seu país com a vizinha Eritreia. Relembre os últimos dez ganhadores do prêmio.

2018 – Denis Mukwege e Nadia Murad

Combination picture shows the Nobel Prize for Peace 2018 winners
Nadia Murad e Denis Mukwege (Lucas Jackson/Vincent Kessler/Reuters)

O médico ginecologista congolê e a ativista yazidi receberam o prêmio por seu trabalho contra a violência sexual em ambientes de guerra.

Mukwege, de 63 anos, tratou centenas de vítimas de estupro durante a guerra civil do Congo, onde comanda um hospital em Bukavu. Nadia Murad, 25, foi sequestrada pelo Estado Islâmico (EI) em 2014 no Iraque e foi vítima de violência sexual por meses. Depois de sua experiência, se tornou uma das mais notáveis ativistas de direitos humanos na luta contra a violência sexual em ambientes de guerra.

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2017 – Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (Ican)

Nobel da Paz
Líderes da ICAN, vencedora do Nobel da Paz de 2017, carregam um abaixo-assinado com o apoio de mais de 800 parlamentares de 42 nações pelo fim das armas nucleares (ICAN/Reprodução)

O Ican é uma coalizão de grupos não governamentais presente em mais de 100 países. O Comitê do Nobel concedeu o prêmio à campanha “por seu trabalho em voltar as atenções para as consequências humanitárias catastróficas de qualquer uso de armas nucleares e por seus esforços pioneiros para alcançar um pacto com base na proibição de tais armamentos”.

2016 – Juan Manuel Santos

Juan Manuel Santos
(Reprodução/Reprodução)

O ex-presidente da Colômbia recebeu o Nobel por “seus esforços resolutos para encerrar a guerra civil de mais de 50 anos em seu país”. Santos foi o grande artífice do acordo de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), a ex-guerrilha que por anos promoveu ataques contra a população civil e órgãos do governo.

2015 – Quarteto para o Diálogo Nacional da Tunísia

O secretário-geral da União Geral Tunisiana do Trabalho (UGTT), Houcine Abbassi, a presidente da União Tunisiana da Indústria, do Comércio e do Artesanato (Utica), Wided Bouchamaoui, o presidente da Liga Tunisiana dos Direitos Humanos (LTDH), Abdessattar ben Moussa e o advogado tunisiano Fadhel Mahfoudh, da Ordem Nacional dos Advogados da Tunísia (Onat). O conjunto de quatro organizações, chamado de Quarteto de Diálogo Nacional, ganhou o prêmio Nobel da Paz por sua contribuição para a construção de uma democracia plural na Tunísia após a revolução de 2011
Houcine Abbassi, Wided Bouchamaoui, Abdessattar ben Moussa e Fadhel Mahfoudh (VEJA.com/AFP)
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A entidade tunisiana que ajudou a implantar a democracia no país surpreendeu ao ser laureada com o prêmio. O Comitê do Nobel ressaltou que o Quarteto foi homenageado por seu trabalho em ajudar a garantir a condução pacífica do caos pós-Primavera Árabe para o regime democrático.

2014 – Malala Yousafzai e Kailash Satyarthi

10/12/2014 - Prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzai e Kailash Satyarthi posam com suas medalhas durante a cerimônia de premiação do, em Oslo. A adolescente paquistanesa foi baleada pelo Talibã por se recusar a abandonar a escola, e o ativista indiano foi reconhecido por seu trabalho pelos direitos das crianças
10/12/2014 – Prêmio Nobel da Paz, Malala Yousafzai e Kailash Satyarthi posam com suas medalhas durante a cerimônia de premiação do, em Oslo (veja.com/Reuters)

Ambos foram laureados por seus respectivos trabalhos em prol da educação. Malala é a mais jovem na história a vencer um Nobel e foi homenageada por seus vários anos de luta pelo direito das meninas à educação no Paquistão.

Já o ativista indiano Kailash Satyarthi foi escolhido por sua dedicação ao combate ao trabalho infantil em seu país.

2013 – Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq)

Imagens do dia - Protesto na Alemanha
Manifestantes vestidos com máscaras do presidente norte-americano Donald Trump e do norte-coreano Kim Jong-Un, são fotografados ao lado de uma representação de bomba atômica durante um protesto pacifista organizado por idealistas anti-nucleares em Berlim, na Alemanha- 13/09/2017 (Omer Messinger/Getty Images)
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O Comitê do Prêmio justificou a escolha da Opaq como vencedora em 2013 mencionando os “extensos esforços” da organização na luta pelo fim das armas químicas.

Criada em 1997 com o objetivo de ser o “cão de guarda” responsável para fazer a valer a Convenção sobre Armas Químicas de 1993 – que baniu a fabricação e estocagem desse tipo de armamento -, a organização recebeu o Nobel justamente 20 anos depois da assinatura da convenção.

2012 – União Europeia (UE)

Bandeira da União Europeia
Bandeira da União Europeia (sharrocks/Getty Images)

O bloco europeu recebeu o Nobel “por mais de seis décadas de contribuição para o avanço da paz e reconciliação, democracia e direitos humanos na Europa”, segundo o Comitê.

A premiação ocorreu no momento em que o bloco passava por uma grave crise econômica, que iniciou a ruptura da unidade europeia e colocou a Alemanha, principal potência continental, em conflito com países em situação difícil, como Espanha e Grécia.

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2011 – Ellen Johnson Sirleaf, Leymah Gbowee e Tawakkol Karman

As ganhadoras (a partir da esq.): Tawakkul Karman, Ellen Johnson Sirleaf e Leymah Gbowee
As ganhadoras (a partir da esq.): Tawakkul Karman, Ellen Johnson Sirleaf e Leymah Gbowee (Mandel Ngan/AFP/VEJA)

A presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, a militante pela paz Leymah Gbowee, também liberiana, e a ativista Tawakkul Karman, uma iemenita que se destacou na onda de manifestações da Primavera Árabe no Iêmen, foram escolhidas pelo comitê norueguês “pela luta pacífica pela segurança das mulheres e pelo direito de participar nos processos de paz”.

2010 – Liu Xiaobo

Foto de dissidente chinês Liu Xiaobo, divulgada pela sua família
Foto de dissidente chinês Liu Xiaobo, divulgada pela sua família (Handout/Reuters)

O dissidente chinês ganhou o prêmio de dentro da prisão. Ele foi detido pela primeira vez após os célebres protestos do movimento estudantil na Praça da Paz Celestial, em Pequim, em junho de 1989. Entre 1996 e 1999, foi enviado a um campo de “reeducação pelo trabalho” e em 2009 foi preso novamente por “incitar a subversão do poder do Estado”, depois de ter ajudado a escrever uma petição conhecida como “Estatuto 08” pedindo por amplas reformas políticas.

Liu faleceu em julho de 2017, aos 61 anos, de um câncer no fígado em estado avançado. Várias organizações de defesa dos direitos humanos e familiares acusaram o governo chinês de ter esperado que seu estado de saúde piorasse para, então, libertá-lo e enviá-lo a um hospital.

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2009 – Barack Obama

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, realiza seu último discurso oficial em Chicago - 10/01/2017
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, realiza seu último discurso oficial em Chicago – 10/01/2017 (Jonathan Ernst/Reuters)

O ex-presidente dos Estados Unidos ganhou o prêmio no primeiro ano de seu mandato “por seus extraordinários esforços para fortalecer a diplomacia internacional e a cooperação entre as pessoas”, segundo o Comitê do Nobel.

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