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Os 15 momentos mais marcantes da eleição nos EUA

Desde tentativas de assassinato até a desistência de Biden, a disputa pela liderança da Casa Branca foi atravessada por eventos extraordinários em série

Por Da Redação 5 nov 2024, 13h06
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  • Desde tentativas de assassinato até a desistência do presidente dos Estados UnidosJoe Biden, de sua candidatura à reeleição, a disputa entre o ex-presidente republicano Donald Trump e a vice-presidente democrata Kamala Harris pelo controle da Casa Branca foi marcada por eventos históricos e eventos extraordinários em série.

    Apesar de turbulenta, a corrida em nenhum momento deixou de ser apertadíssima, mostrando pouco sinais de resposta aos acontecimentos do ano. Mas em uma eleição em que cada voto conta, e qualquer alteração nas decisões de eleitores também, olhar para os momentos que definiram as eleições americanas deste ano pode dar indicações sobre o desfecho do pleito.

    1. Disputa no Partido Republicano

    No início do ano, o governador da Flórida, Ron DeSantis, despontou como o principal rival de Trump na disputa pela indicação republicana à presidência. Com uma agenda de extrema direita e apoiado por uma base conservadora, ele parecia ser a única ameaça real ao ex-presidente.

    No entanto, uma sequência de ataques da campanha trumpista e dificuldades em ampliar sua base de apoio acabaram enfraquecendo a campanha de DeSantis, que abandonou a corrida e declarou apoio ao rival em janeiro. 

    Após sua desistência, a ex-governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, assumiu o papel da oposição interna, lançando dúvidas sobre a aptidão mental de Trump e sua lealdade à constituição dos Estados Unidos. Apesar de buscar atrair o eleitorado republicano mais moderado, ela também enfrentou dificuldades em manter-se competitiva e desistiu da corrida eleitoral em março, consolidando Trump como o único pré-candidato republicano. 

    2. O atual presidente

    Apesar de ter enfrentado pouca oposição nas primárias do Partido Democrata, Joe Biden, o presidente mais velho da história dos Estados Unidos, se tornou alvo de críticas e questionamentos sobre sua capacidade de cumprir um novo mandato, caso fosse reeleito. Aos 81 anos, sua idade entrou nos holofotes da corrida após demonstrar dificuldade de completar algumas frases em debates, trocar nomes e fazer observações sem sentido.

    Mesmo diante da pressão, Biden manteve seu discurso de que, entre os democratas, ele era o mais apto a derrotar Trump.

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    3. Condenação de Trump

    Em maio, Trump se tornou o primeiro ex-presidente americano a ser condenado por crimes, após ser considerado culpado de 34 acusações por falsificação de registros comerciais no processo sobre pagamentos secretos a uma ex-atriz pornô.

    Trump também fez história como o primeiro candidato de um dos dois principais partidos do país (o Republicano) a se tornar um criminoso condenado, colocando as eleições americanas em águas desconhecidas.

    Esse caso, no entanto, é apenas uma das suas várias batalhas judiciais. Em vários momentos, ele enfrentou mais de 90 acusações criminais, incluindo uma de extorsão na Geórgia, onde é acusado de conspirar para reverter o resultado das eleições de 2020. 

    Apesar da gravidade das acusações, muitos processos seguem paralisados, enquanto Trump aposta em uma conhecida estratégia de defesa: adiar os julgamentos o máximo possível.

    4. Debate Trump x Biden

    No primeiro debate da campanha eleitoral deste ano, em junho, Biden teve uma performance desastrosa contra seu adversário, fazendo membros de seu próprio partido questionarem se ele deveria continuar na corrida.

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    Tremendo e com a voz rouca, o presidente lutou para concluir suas linhas de pensamento. Durante um momento notável no início do debate, ele estava criticando Trump sobre as suas políticas fiscais e, tentando acelerar o discurso diante do limite de tempo para a fala, deixou escapar: “Finalmente derrotamos o Medicare”, referindo-se ao sistema de seguros de saúde gerido pelo governo, uma frase que não faz sentido.

    Após o debate, analistas debruçaram-se sobre o pânico do Partido Democrata em relação ao desempenho de Biden. Vários sugeriram que a legenda precisava considerar a nomeação de um candidato diferente para concorrer às eleições contra Trump.

    5. Imunidade de Trump

    Em julho, a Suprema Corte decidiu que Trump tem imunidade parcial para ações realizadas enquanto presidente, dificultando o andamento de processos criminais contra ele. A decisão foi um alívio para a campanha republicana e um reflexo da influência conservadora no tribunal mais importante dos Estados Unidos.

    A imunidade presidencial, no entanto, não se estende a todos os casos, e Trump continua sob pressão judicial em várias frentes, incluindo as acusações de tentativa de manipulação eleitoral na Geórgia e os casos envolvendo sua conduta pessoal e empresarial.

    6. Tentativa de assassinato

    Enquanto discursava em um comício de campanha em Butler, na Pensilvânia, em julho, Trump foi baleado e sofreu ferimentos leves na orelha direita.

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    Uma pessoa que estava no comício morreu e outras duas foram socorridas em estado grave. O atirador, identificado como Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, foi morto logo após o atentado.

    Nove semanas depois, em setembro, o ex-presidente foi alvo do que o FBI investigou como uma nova tentativa de assassinato, enquanto estava jogando golfe em um de seus campos na Flórida.

    Trump afirmou ter ouvido tiros disparados por agentes do Serviço Secreto contra o potencial agressor, que estava escondido entre os arbustos do campo de golfe. Em seguida, segundo o candidato presidencial republicano, foi “agarrado” junto com um amigo, Steve Witkoff, pelos agentes e os dois foram colocados em carrinhos de golfe para escaparem.

    7. Desistência de Biden

    Em meio a críticas sobre seu desempenho e atos falhos em discursos, Biden anunciou em julho que abandonaria a corrida presidencial.

    O anúncio foi feito na plataforma X, antigo Twitter, por meio de uma carta onde citou avanços de seu governo. Além de fazer agradecimentos à sua vice-presidente no comunicado, Biden fez um fez outro post no qual tornou público seu apoio a Kamala Harris  como candidata à Presidência pelo Partido Democrata.

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    Em tom de despedida, ele disse que foi uma “grande honra servir como presidente” e afirmou que era sua intenção continuar na corrida pela reeleição, mas que não seria possível seguir em frente.

    8. A escolhida

    Após a desistência de Biden, Kamala conquistou o número necessário de delegados para ser indicada pelo Partido Democrata para ser candidata à Casa Branca em julho.

    No mês seguinte, a vice-presidente aceitou formalmente a nomeação presidencial da legenda em Chicago, prometendo ser “uma presidente para todos os americanos” e atacando Trump.

    O impacto da mudança foi grande: a campanha de Kamala e comitês políticos relacionados arrecadaram US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,6 bilhões) nos três primeiros meses após o anúncio de sua candidatura — um recorde histórico e mais que o triplo dos fundos recolhidos por Trump.

    9. Desistência de Kennedy Jr.

    Em agosto, Robert F. Kennedy Jr., ex-democrata que concorria como independente, abandonou sua campanha e declarou apoio a Trump. No auge, ele chegou a conquistar 10% das intenções de voto nas pesquisas nacionais, fazendo com que sua desistência possa ser decisiva no resultado da eleição. 

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    RFK Jr., como gosta de ser chamado (reeditando as iniciais pelas quais o pai era conhecido), é filho do senador Robert Kennedy, morto a tiros em uma primária democrata quando tentava se candidatar à Casa Branca em 1968, e sobrinho do ex-presidente John Kennedy, assassinado em 1963.

    Após o anúncio, a família Kennedy chamou o apoio de Kennedy Jr. a Trump de “uma traição” e reiterou seu apoio à campanha de Harris.

    10. Os vices

    Em julho, o senador de Ohio, J.D. Vance, aceitou formalmente a oferta de Donald Trump para concorrer como seu vice-presidente – uma mudança drástica de postura para ele, que no passado se descreveu como um “never-Trumper” e chegou a classificar o ex-presidente como o “Hitler da América”.

    No entanto, desde 2022, o autor de Hillbilly Elegy, livro adaptado para as telas pela Netflix como Era Uma Vez um Sonho, tem girado cada vez mais à direita, vencendo a corrida ao Senado com o endosso de Trump.

    Do outro lado da disputa, Harris escolheu o governador de Minnesota, Tim Walz, como seu candidato à vice-presidência. A nomeação de Walz como vice destacou a estratégia democrata de apelar para o eleitorado moderado e rural.

    11. Elon Musk

    Desde que endossou Trump em julho, Elon Musk tem sido um dos maiores impulsionadores da campanha republicana.

    O CEO da Tesla e dono do X, antigo Twitter, já doou mais de US$ 118 milhões para o America PAC, seu comitê de ação política pró-Trump, segundo registros da Comissão Eleitoral Federal. O grupo se tornou influente na campanha nos chamados swing states — Michigan, Wisconsin, Pensilvânia, Arizona, Geórgia, Nevada e Carolina do Norte —, onde as preferências entre democratas e republicanos se alternam. Musk é o único doador.

    Além do apoio financeiro, as postagens de Musk em que ele promove o candidato republicano e critica Harris no X já alcançaram cerca de 17,1 bilhões de visualizações desde julho, superando o total de todas as campanhas publicitárias na plataforma durante o mesmo período – equivalente a um investimento de aproximadamente US$ 24 milhões (cerca de R$ 138,5 milhões) em anúncios.

    12. Debate Kamala X Trump

    No primeiro e único debate entre Kamala e Trump, que ocorreu em setembro, a vice-presidente democrata mostrou-se mais preparada, eloquente e pronta para rebater os ataques do rival.

    Embora Trump tenha insistido que venceu o debate “por muito”, os republicanos foram praticamente unânimes em afirmar que ele ficou em desvantagem nas discussões, em especial porque Kamala conseguiu tirá-lo do sério com alfinetadas.

    Após o confronto, Trump foi à sala de imprensa – uma atitude rara, por ser um local normalmente frequentado apenas pelos representantes dos candidatos – e evitou se comprometer com a proposta da campanha de Harris para um segundo debate, que nunca aconteceu.

    13. Apoio de celebridades

    Enquanto Trump recebeu o apoio do homem mais rico do mundo, Harris pôde contar com uma das artistas mais influentes do cenário musical, a cantora Taylor Swift.

    Poucos minutos após o debate, Swift fez uma postagem no Instagram endossando Harris e incentivando seus fãs a se registrarem para votar. Em tom provocativo, ela assinou a mensagem como “Childless Cat Lady” (solteirona dos gatos, em tradução livre), uma alusão ao insulto de J.D. Vance contra mulheres que escolhem não ter filhos.

    A cantora não está sozinha nessa. Celebridades como Beyoncé e Eminem também se posicionaram ao lado da vice-presidente. O rapper fez uma apresentação do hit “Lose Yourself” em um comício ao lado de Barack Obama, onde ele pediu à população de Detroit que “usasse sua voz” para apoiar Harris. Charli XCX também manifestou apoio à democrata, compartilhando os famigerados memes de “Kamala é brat”. Melhor traduzido como “pirralha”, o termo em inglês é usado para descrever crianças rebeldes, que desafiam as regras.

    O apoio de figuras de destaque se estende a atores como Robert De Niro e ao elenco dos filmes da Marvel. Atletas como LeBron James também manifestaram apoio a Harris, declarando: “Quando penso nos meus filhos e na minha família e em como eles vão crescer, a escolha é clara para mim.”

    Embora Trump possa se vangloriar do apoio de celebridades como Hulk Hogan, Dr. Phil e Kid Rock, a maioria dos endossos das grandes estrelas americanas tem se direcionado para a campanha democrata, ressaltando o impacto da cultura pop nas eleições.

    14. Racismo em comício

    Na reta final da corrida eleitoral, Trump dobrou a aposta na violenta retórica anti-imigrantes. Durante um comício a menos de dez dias das eleições, na famosa arena Madison Square Garden, em Nova York, o ex-presidente voltou a dizer que aprovaria um programa de deportação em massa em seu primeiro dia na Casa Branca para reverter uma “invasão” de ilegais.

    Suas promessas incluem ainda a punição com pena de morte para imigrantes que matam “verdadeiros cidadãos americanos” por meio da Lei dos Inimigos Estrangeiros de 1798, um mecanismo usado na Primeira e Segunda Guerras Mundiais que dá ao Executivo poderes de deter ou deportar pessoas de uma nação inimiga.

    Mas o comentário anti-imigração que mais chamou atenção naquela noite foi o do comediante Tony Hinchcliffe, uma das celebridades que discursaram no comício. “Há literalmente uma ilha flutuante de lixo no meio do oceano agora, acho que se chama Porto Rico“, afirmou, em tom de piada. Não caiu bem. Milhões de habitantes dos Estados Unidos com herança porto-riquenha irão às urnas.

    15. Último gás

    No último dia de campanha,  Trump e Kamala intensificam a disputa para conquistar eleitores nos estados-pêndulo, onde as preferências partidárias se alternam e cujos Colégios Eleitorais, por conta disso, definirão a eleição.

    Trump realizou quatro comícios na segunda-feira, iniciando a maratona na Carolina do Norte, fazendo duas paradas na Pensilvânia e encerrando o dia no Michigan. Harris, por sua vez, dedicou seu último dia de campanha exclusivamente à Pensilvânia, estado decisivo em que as últimas pesquisas mostram um empate entre os dois candidatos.

    Devido à indefinição, sete estados ganharam protagonismo na corrida: Wisconsin, Michigan, Pensilvânia, Geórgia, Nevada, Arizona e Carolina do Norte. Uma pesquisa do jornal The New York Times e da Siena College, divulgada no domingo 3, aponta que Kamala lidera em Nevada, Carolina do Norte, Wisconsin e Geórgia. Por outro lado, Trump está à frente no Arizona. Na Pensilvânia e Michigan, eles aparecem empatados.

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