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Com vitória surpreendente da oposição, eleições na RDC são contestadas

Resultado é contestado pelo concorrente Martin Fayulu e por autoridades francesas. Omissão do atual presidente gera especulações sobre possível aliança

Por Da Redação
Atualizado em 10 jan 2019, 10h37 - Publicado em 10 jan 2019, 10h14

Em um resultado surpreendente, o candidato de oposição Felix Tshisekedi venceu as eleições na República Democrática no Congo (RDC), realizadas no último dia 30 de dezembro. De acordo com os dados divulgados nesta quinta, 10, pela Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI), Tshisekedi obteve 38% dos votos.

Também opositor, Martin Fayulu ficou na segunda colocação, com quase 35%, seguido pelo candidato do atual presidente Joseph Kabila, Emmanuel Ramazani Shadary, com 24%.

Depois de receber a decisão, Fayulu disse rejeitar o resultado e acusou um “golpe eleitoral”, pedindo que autoridades divulgassem o nome “da pessoa que realmente foi a escolha de nosso povo.”

Ministro de Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian também contestou a conclusão das eleições, que não combinaria com os resultados especulados por mais de 40.000 observadores da Igreja Católica que acompanharam a votação. A entidade religiosa, que desempenha um importante papel político no país, já havia alertado para irregularidades no último mês, mas até o momento não fez um pronunciamento oficial.

O partido de Kabila não contestou o resultado, gerando especulações sobre uma aliança com a equipe de Tshisekedi. Os aliados do presidente eleito negam a acusação.

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Tshisekedi, líder da histórica União pelo Progresso e Desenvolvimento Social (UPDS), recebeu a notícia de sua vitória no reduto da oposição em Limete, um bairro de Kinshasa, onde milhares de seus seguidores não puderam votar até duas horas antes do fechamento das urnas por conta da falta de listas eleitorais.

Ele prometeu ser “o presidente de todos os congoleses”, dizendo: “ninguém poderia imaginar um cenário em que um candidato de oposição pudesse sair vitorioso.”

Ao citar o atual líder da RDC, o futuro governante adotou tom conciliador: “Pago um tributo ao presidente Kabila. Hoje não devemos mais enxergá-lo como um adversário, mas sim como um parceiro nas mudanças democráticas em nosso país.”

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Os resultados provisórios, sujeitos a recursos , deveriam ter sido publicados no último dia 6, segundo o calendário eleitoral, mas sua divulgação foi adiada por tempo indeterminado, quando a CENI confirmou que não tinha completado a apuração.

Nas últimas duas semanas desde o pleito, são divulgadas especulações sobre possíveis irregularidades. Se considerada legítima, essa será a primeira transição democrática de poder desde que o país se tornou independente da Bélgica, em 1960.

A taxa de participação ficou em 47,56%, e mais de 18 milhões de congoleses foram às urnas.

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A capital Kinshasa e outras cidades chave amanheceram calmas, mas ainda há o temor de que o anúncio dos resultados possa gerar protestos. O Secretário-Geral da ONU, António Guterres pediu aos partidos que evitem violência.

Eleito abandonou concorrente

Filho do emblemático líder da oposição e ex-premiê Étienne Tshisekedi, o novo presidente, de 55 anos, se separou em meados de novembro do bloco de oposição Lamuka, liderado por Fayulu, para liderar sua própria coalizão.

A vitória de Tshisekedi encerra dois anos de atrasos e incertezas, desde que o presidente Joseph Kabila – no poder há quase 18 anos -concordou em abandonar seu segundo e último mandato eleitoral.

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A partir de hoje, os candidatos e partidos terão três dias para recorrer dos resultados ao Tribunal Constitucional, que por sua vez terá mais uma semana para proclamar os resultados oficiais.

Apesar dos protestos, tudo indica que será o fim das forças de Kabila no poder, que vêm governando o país centro-africano desde 2001.

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