Agências russas informaram nesta sexta-feira, 16, que Alexei Navalny, famoso opositor do presidente Vladimir Putin, morreu na prisão. A informação é do serviço penitenciário da região de Yamalo-Nenets, na Rússia, onde ele cumpria pena há cerca de três anos.
“Navalny sentiu-se mal após uma caminhada, perdendo quase imediatamente a consciência. A equipe médica chegou imediatamente e uma equipe de ambulância foi chamada. Foram realizadas medidas de reanimação que não produziram resultados positivos. Os paramédicos confirmaram a morte do condenado. As causas da morte estão sendo apuradas”, disse o comunicado oficial.
O governo russo disse ainda não ter nenhuma informação sobre a causa da morte de um dos principais adversários políticos do presidente Vladimir Putin.
No frio do Ártico
Navalny estava preso na colônia penal conhecida como Lobos Polares, localizada a quase 2.000 quilômetros de Moscou. Considerada uma das mais duras da Rússia, é um estabelecimento herdado do Gulag soviético. O crítico de Putin desapareceu no sistema por vinte dias durante o processo de transferência para o Ártico. Em meio ao sumiço, a equipe de Navalny fez múltiplas tentativas para ter acesso às colônias penais IK-6 e IK-7, em meio às suspeitas de que uma delas abrigava o ex-advogado.
Em audiência em 11 de janeiro, quando foi visto pela última vez, o polêmico prisioneiro denunciou que autoridades penitenciárias supostamente o enviaram para uma cela de isolamento por xingar um inspetor de “demônio”, “idiota” e “espantalho” em outubro, embora tenha reconhecido que exagerou nas críticas. Ele também disse que era submetido a temperaturas “congelantes”, que chegavam a 32 graus negativos, e queixou-se do limite de tempo para fazer as refeições (10 minutos).
Apesar das queixas, Navalny parecia estar de bom humor. Ele chegou a brincar, durante a audiência, que ainda não havia recebido nenhuma correspondência de Natal por estar “muito longe”.
Quem é Navalny
Navalny é um ex-advogado e tornou-se mundialmente conhecido há pouco mais de uma década por fazer críticas abertas contra Putin, por ter sido supostamente envenenado por homens do Kremlin e por expor uma suspeita rede de corrupção dentro do governo russo. Na década de 2010, quando ainda morava em sua terra natal, liderou um movimento contra o líder russo que levou milhares de pessoas às ruas do país.
O ativista foi detido por forças russas em janeiro de 2021 depois de retornar da Alemanha, onde foi tratado da suspeita de envenenamento. Ele foi condenado a nove anos de prisão por fraude, mas depois os tribunais russos aplicaram uma nova pena por “extremismo”, elevando a sentença para quase trinta anos. Ele também foi imputado por desrespeitar o Judiciário.
O ativista, por sua vez, acusava o governo russo de censura e de forjar provas para incriminá-lo.