A plataforma opositora Comitê Nacional de Defesa da Democracia (Conade) da Bolívia apresentou, nesta quarta-feira 6, um relatório com provas que supostamente sustentam as acusações de que houve fraude nas eleições de 20 de outubro a favor da reeleição do presidente boliviano, Evo Morales.
O documento, de 190 páginas, foi elaborado por profissionais bolivianos residentes no país e no exterior liderados pelo engenheiro de computação Edgar Villegas, segundo explicou à imprensa um representante do Conade, Manuel Morales Álvarez.
“É um documento completo, com registros de atas, análises estatísticas, matemáticas e informáticas de onde se descobre como foi feita a fraude”, destacou.
Segundo ele, a fraude foi “um processo” ocorrido antes e durante as eleições, durante a transmissão dos resultados preliminares, quando a informação foi interrompida e retomada, e desde “o início da apuração até o término”.
Esse documento inclui 19 indicadores como “somas erradas nas atas, dados invertidos, atas em que o Movimento para o Socialismo (partido de Evo Morales) obtém mais votos do que os registrados para votar, situações irregulares como o registro de atas através de fotografias tiradas cinco dias antes do processo eleitoral”, citou o representante do Conade.
De acordo com Álvarez, aqueles que inicialmente fizeram o relatório não tinham o objetivo de “encontrar uma fraude”, mas começaram a verificar “varrendo” os resultados preliminares e o cálculo oficial em que poderiam “descobrir todas essas irregularidades”.
“O sistema de segurança do órgão eleitoral foi penetrado por dentro, há registros de atas que desapareceram e reapareceram no sistema informático, e tudo isso documentamos e apresentamos ao povo boliviano”, acrescentou.
O relatório foi divulgado nas redes sociais e deve ser enviado a organizações internacionais como as Nações Unidas, embaixadas no país e a Organização dos Estados Americanos (OEA), que tem na Bolívia uma equipe de especialistas trabalhando em uma auditoria eleitoral.
Terceira morte em onda de violência
Um jovem morreu no hospital devido aos ferimentos sofridos nesta quarta-feira nos confrontos ocorridos na região de Cochabamba, tornando-se a terceira pessoa a morrer por causa da violência na Bolívia desde as eleições.
Limbert Guzmán, de 20 anos, havia sido internado com morte cerebral em um hospital da região, no centro do país, após sofrer graves ferimentos em um confronto entre partidários e opositores do presidente, Evo Morales.
Os médicos informaram que o jovem foi internado com “traumatismo cranioencefálico grave, fratura basal craniana e morte cerebral”.
“Ele apresentou uma parada cardiorrespiratória, foi imediatamente ressuscitado por mais de 20 minutos e os esforços foram em vão. O paciente faleceu às 20h45 (hora local; 22h45 em Brasília), informou o boletim médico.
O jovem que morreu era um dos 34 feridos em uma onda de violência ocorrida ao longo desta quarta-feira na região central de Cochabamba.
(Com EFE)