O Conselho de Segurança da ONU realizou nesta terça-feira novas discussões sobre uma resolução que condene o regime da Síria pela repressão aos protestos que acontecem no país desde março, sem chegar, novamente, a um resultado concreto.
O debate tomou novas proporções nesta terça quando o Brasil sugeriu mudanças na resolução europeia – lançada primeiramente em maio e apoiada por Grã-Bretanha, França, Portugal, Alemanha e Estados Unidos – para condenar de maneira unitária o governo do ditador sírio Bashar Assad. Agora, os membros do conselho estão estudando como combinar os dois projetos.
O Brasil, que em um primeiro momento mostrou-se contra uma condenação à Síria, mudou de posição na reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU de segunda-feira depois que 140 civis foram mortos no final de semana. Juntamente com a Grã-Bretanha, o governo brasileiro quer apresentar um texto que ressalte “a condenação da violência, a necessidade de que os crimes sejam investigados e que exista um acesso ao país para as equipes humanitárias da ONU”, segundo o embaixador alemão adjunto perante a organização, Miguel Berger. No entanto, o representante informou que as propostas apresentadas pelo Brasil são “muito similares” à condenação proposta pelos países europeus e apoiada pelos Estados Unidos.
Líbano – Outra opção plausível é a da declaração presidencial, um documento que ajuda em menos grau a implicação do Conselho, mas que deve ser aprovada por unanimidade, algo que parece pouco provável perante a recusa do Líbano. “A grande incógnita é saber o que Líbano vai fazer”, reconheceu Berger, que, além disso, indicou que os membros diferem por enquanto também em como avaliar as reformas anunciadas por Assad.
Rússia – Outro membro do Conselho que pode ter mudado de posição é a Rússia, um importante aliado da Síria que acenou para a possibilidade de apoiar a proposta europeia. Depois de ameaçar, junto com a China, vetar uma possível resolução, diplomatas russos suavizaram seu discurso. “Nós não somos categoricamente contra tudo”, disse o representante do Ministério do Exterior da Rússia Sergei Vershinin. “Somos categoricamente contra o que não ajudar a trazer um acordo pacífico”, acrescentou.
Críticas – Algumas fontes diplomáticas veem a aprovação da resolução europeia com ceticismo. “Não é novo”, disse o embaixador russo Vitaly Churkin, referindo-se ao projeto anteriormente apresentado e rejeitado no Conselho há dois meses. “O texto que estava sobre a mesa não foi modificado devido a algumas atualizações técnicas”, afirmou o embaixador indiano, Hardeen Singh Puri.
Em referência ao alto número de mortes na Síria durante o final de semana, o secretário-geral da ONU, Ban ki-moon, disse que o ditador sírio Bashar Assad havia “perdido qualquer humanidade”. “Assad deve estar consciente de que é responsável ante o Direito Internacional”, completou. Enquanto a comunidade internacional segue dividida sobre como proceder nos conflitos, outras 24 pessoas morreram vítimas da repressão aos protestos no país nesta terça-feira.
(Com agências EFE e France-Presse)