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ONU: Na Ucrânia, maior usina nuclear da Europa teve integridade violada

Diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, que está no local, disse que não irá a lugar algum até análise mais apurada

Por Matheus Deccache Atualizado em 1 set 2022, 17h41 - Publicado em 1 set 2022, 17h38
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  • A equipe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) responsável por avaliar a situação da usina nuclear de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, alertou nesta quinta-feira, 1, que combatentes violaram a “integridade física” do local, sendo necessário manter técnicos no complexo por mais tempo para análise mais apurada. 

    “Eu me preocupo, e continuarei preocupado com a usina até termos uma situação mais estável, que seja mais previsível. É óbvio que a usina e sua integridade física foram violadas diversas vezes por acaso e por deliberação”, afirmou a jornalistas o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, sobre a situação na maior usina nuclear da Europa. 

    + Inspetores da ONU chegam a usina nuclear em crise na Ucrânia

    O grupo de inspeção chegou ao complexo nuclear nesta quinta após um atraso de várias hora provocado por um intenso bombardeio durante o caminho e foi acompanhado por um comboio com grande presença de soldados russos. 

    De acordo com a Energoatom, empresa estatal responsável pelo local, morteiros russos atingiram a usina quando o comboio partiu para o complexo na manhã desta quinta, causando falhas no equipamento que forçaram o desligamento de um reator e a ativação de geradores de emergência em outro.

    A extensão dos danos dos ataques não ficou clara. Não houve relatos de níveis elevados de radiação ao redor da instalação. No entanto, semanas de ataques repetidos dentro e ao redor da usina – controlada por forças russas, mas operada por engenheiros ucranianos – levantaram temores de uma catástrofe nuclear.

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    A urgência da ameaça levou a equipe das Nações Unidas, que inclui 14 especialistas da Agência Internacional de Energia Atômica, a tomar a decisão de última hora de viajar para a usina, mesmo com bombardeios ao redor.

    Nem a Rússia nem a Ucrânia concordaram com um cessar-fogo na região, mas ambos disseram que garantiriam a segurança da missão. Como os ataques continuaram apesar dessas promessas, ambos os exércitos acusaram o outro de atacar a rota em direção à usina e colocar os inspetores das Nações Unidas em perigo.

    “Estamos cientes da situação atual; houve um aumento da atividade militar”, disse Grossi, o secretário-geral da AIEA.

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    Segundo Grossi, militares ucranianos o informaram sobre o combate durante a noite perto de sua rota planejada.

    “Mas pesando os prós e os contras, e tendo chegado tão longe, não vamos parar”, disse ele. “Consideramos que temos as condições mínimas para nos deslocarmos, aceitando que os riscos são muito, muito elevados”.

    Foram necessárias semanas de negociações para que ambos os lados concordassem com a inspeção, mas não ficou claro quanto tempo os especialistas teriam para visitar a usina. A jornada exigiu que a equipe cruzasse vários postos de controle que separavam os lados ucraniano e russo do campo de batalha.

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    Jornalistas estrangeiros não foram autorizados a acompanhar os inspetores, que estão entre os poucos funcionários internacionais que tentaram cruzar a linha de frente desde o início da guerra em fevereiro.

    No último dia 18, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse estar seriamente preocupado com a situação da região depois dela ter sido bombardeada durante a guerra com a Rússia. 

    + Missão da ONU fará inspeção em usina nuclear na Ucrânia nesta semana

    “A instalação não deve ser usada como parte de nenhuma operação militar. Em vez disso, é necessário um acordo urgente para restabelecer a infraestrutura puramente civil de Zaporizhzhia e garantir a segurança da área”, disse ele durante visita à Lviv, no oeste ucraniano. 

    No entanto, o Kremlin define como “inaceitável” qualquer proposta de desmilitarização da área ao redor do complexo e disse que considera a possibilidade de fechar as portas da usina caso novos ataques continuem acontecendo. 

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