Um relatório da Acnur, agência das Nações Unidas para refugiados, revelou nesta sexta-feira, 8, que mais da metade das crianças refugiadas em idade escolar no mundo não estão matriculadas em escolas, o que coloca em risco as metas de desenvolvimento global. Especialistas estimam que mais de 7 milhões, das 14,8 milhões de crianças refugiadas, não têm acesso à educação formal.
O Relatório sobre Educação de Refugiados, do Acnur, utiliza dados de mais de 70 países. De acordo com o documento, em 2022, o número de refugiados em idade escolar aumentou quase 50% em relação aos 10 milhões do ano anterior, dado impulsionado principalmente pela guerra na Ucrânia.
Outro ponto ressaltado pelo texto é que a quantidade de matrículas varia drasticamente de acordo com a idade das crianças. A pesquisa aponta que 38% delas estão inscritas da Educação Infantil, 65% no Ensino Fundamental I, 41% no Ensino Fundamental II e apenas 6% no Ensino Médio. Além disso, há disparidade gritante entre nível de matrículas dos jovens refugiados em relação às crianças locais.
“Quanto mais se sobe na escada educacional, maior é a queda nos números, porque as oportunidades de estudar ficam mais limitadas”, disse Filippo Grandi, alto comissário das Nações Unidas para refugiados, no relatório. “A menos que seu acesso à educação receba um grande impulso, eles serão deixados para trás. Isso não ajudará a atingir outras metas de emprego, saúde, igualdade, erradicação da pobreza e muito mais.”
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Segundo o relatório, isso ocorre porque os custos educacionais das crianças refugiadas recaem, na maioria das vezes sobre países mais pobres, já que 20% das pessoas deslocadas à força vivem hoje nos 46 países menos desenvolvidos do mundo. Analistas dizem que isso pode sobrecarregar os recursos já escassos dessas nações.
“Eles precisam de apoio previsível e plurianual de instituições financeiras globais e regionais, de países de alta renda e do setor privado. Não podemos esperar que países sobrecarregados e com recursos escassos assumam a tarefa sozinhos”, acrescentou Grandi.
O relatório destaca, por outro lado, que também há desenvolvimentos globais positivos no campo de educação de crianças refugiadas. Entre eles, a paridade de gênero entre os alunos, com diferenças de apenas 2% entre meninos e meninas no Ensino Fundamental I e 1% no Ensino Fundamental II.
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O documento também apresenta relatos de estudantes refugiados que conseguem se destacar em exames nacionais quando obtêm acesso a uma educação de qualidade.
“Ao nos capacitarmos por meio da educação, podemos romper o ciclo de dificuldades e proporcionar um caminho para um futuro mais brilhante”, disse Monicah Malith, uma refugiada do Sudão do Sul que estuda direito na Universidade de Nairóbi, no Quênia.