ONU: Guerra na Ucrânia inflamou crise alimentar global que pode durar anos
O secretário-geral António Guterres disse que a escassez de grãos e fertilizantes causada pela guerra 'leva milhões de pessoas à insegurança alimentar'
![António Guterres](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/09/image1170x530cropped.jpg?quality=90&strip=info&w=1170&h=530&crop=1)
As Nações Unidas alertaram nesta quinta-feira, 19, que a guerra na Ucrânia ajudou a agravar uma crise alimentar mundial que pode durar anos se não for controlada. O secretário-geral António Guterres disse que a escassez de grãos e fertilizantes causada pelo conflito, somada ao aquecimento global e problemas de abastecimento causados pela pandemia “levaram dezenas de milhões de pessoas à insegurança alimentar”.
Em uma reunião das Nações Unidas em Nova York sobre segurança alimentar, Guterres pediu para a Rússia permitir as exportações de grãos ucranianos, para evitar consequências como “desnutrição e fome em massa, em uma crise que poderia durar anos”.
A invasão da Ucrânia por Moscou e as sanções econômicas internacionais à Rússia interromperam o fornecimento de fertilizantes, trigo e outras commodities de ambos os países, elevando os preços de alimentos e combustíveis, especialmente nos países em desenvolvimento. Juntas, as nações em guerra produzem 30% do trigo do mundo.
Antes da invasão em fevereiro, a Ucrânia era vista como a “cesta de pão do mundo”, exportando 4,5 milhões de toneladas de produtos agrícolas por mês em seus portos – 12% do trigo do planeta, 15% do milho e metade do óleo de girassol.
Mas os portos de Odesa, Chornomorsk e todos os outros foram isolados do mundo por navios de guerra russos. O suprimento só pode ser transportado por rotas terrestres, muito menos eficientes.
Isso fez com que os preços de produtos básicos disparassem. O índice de preços de alimentos e agrícolas das Nações Unidas atingiu uma alta histórica de quase 160 pontos em março, antes de cair um pouco em abril, para 158,8. Preços de cereais e carnes também atingiram recordes em março: há um ano, o trigo era negociado na Bolsa de Chicago a 674 centavos de dólar por bushel e hoje alcança 1.242 centavos de dólar – quase o dobro –, impulsionado pela falta de oferta.
Na quarta-feira 18, o diretor-executivo do Programa Mundial de Alimentos (PAM), David Beasley, disse que não abrir os portos fechados na Ucrânia levará milhões de pessoas à fome.
+ A guerra da Ucrânia e o fantasma de uma crise alimentar global
“A falha em abrir os portos é uma declaração de guerra à segurança alimentar global, resultando na desestabilização da fome nas nações, bem como na migração em massa por necessidade”, disse. “Não se trata apenas da Ucrânia. Trata-se dos pobres mais pobres do mundo, que estão à beira da fome enquanto falamos”, acrescentou.
“Peço ao presidente [Vladimir] Putin que, se você tiver algum coração, por favor, abra esses portos. Por favor, assegure a todos os envolvidos que as passagens serão desobstruídas para que possamos alimentar os mais pobres e evitar a fome”, disse o chefe do PAM.
Ele observou que a Ucrânia é uma nação que produz grãos suficientes para alimentar 400 milhões de pessoas e que agora está fora de produção. Também sublinhou que “o tempo está acabando”. O Banco Mundial já anunciou um financiamento adicional de US$ 12 bilhões para mitigar os “efeitos devastadores” da fome – mas sem a concessão russa, o cenário é sombrio.
![Plantação aflorando e ao fundo, fumaça após o bombardeio numa refinaria de petróleo próximo de Lysychansk, leste da Ucrânia, em 9 de maio de 2022, na invasão russa na Ucrânia. Plantação aflorando e ao fundo, fumaça após o bombardeio numa refinaria de petróleo próximo de Lysychansk, leste da Ucrânia, em 9 de maio de 2022, na invasão russa na Ucrânia.](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/05/UCRANIA-PLANTAÇAO-03.jpg?quality=90&strip=info&w=920&w=636)
![Campo de Colza em flôr e obstáculos antitanque colocados em uma estrada próximo `a vila de Hryhorivka, região de Zaporizhzhia, em meio à invasão russa da Ucrânia. Campo de Colza em flôr e obstáculos antitanque colocados em uma estrada próximo `a vila de Hryhorivka, região de Zaporizhzhia, em meio à invasão russa da Ucrânia.](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/05/UCRANIA-PLANTAÇAO-07.jpg?quality=90&strip=info&w=919&w=636)
![Um trator arando o solo, passa por um fragmento de míssil russo, em uma nas proximidades da cidade ucraniana de Kharkiv, em 8 de maio de 2022. Um trator arando o solo, passa por um fragmento de míssil russo, em uma nas proximidades da cidade ucraniana de Kharkiv, em 8 de maio de 2022.](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/05/UCRANIA-PLANTAÇAO-06.jpg?quality=90&strip=info&w=921&w=636)
![Um trator arando o campo, na região de Khmelnytsky, Ucrânia, 02 de maio de 2022. O impacto da invasão russa da Ucrânia fez com que os preços dos alimentos subissem em todo o mundo, principalmente cereais e farinha, já que a Ucrânia é um grande fornecedor de trigo e milho. Um trator arando o campo, na região de Khmelnytsky, Ucrânia, 02 de maio de 2022. O impacto da invasão russa da Ucrânia fez com que os preços dos alimentos subissem em todo o mundo, principalmente cereais e farinha, já que a Ucrânia é um grande fornecedor de trigo e milho.](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/05/UCRANIA-PLANTAÇAO-08.jpg?quality=90&strip=info&w=919&w=636)
![Foto tirada em 10 de maio de 2022 mostra os componentes internos de uma munição cluster em uma plantação, perto de Lysychansk, leste da Ucrânia, em meio à invasão russa da Ucrânia. Foto tirada em 10 de maio de 2022 mostra os componentes internos de uma munição cluster em uma plantação, perto de Lysychansk, leste da Ucrânia, em meio à invasão russa da Ucrânia.](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/05/UCRANIA-PLANTAÇAO-05.jpg?quality=90&strip=info&w=919&w=636)
![Um trator pulverizando uma plantação em Bilohorivka, leste da Ucrânia, em 3 de maio de 2022. - Um trator pulverizando uma plantação em Bilohorivka, leste da Ucrânia, em 3 de maio de 2022. -](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/05/UCRANIA-PLANTAÇAO-01.jpg?quality=90&strip=info&w=928&w=636)
![Plantação e membros de uma equipe de desminagem do Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia se preparam para destruir um míssil não detonado que permanece perto da vila de Hryhorivka, região de Zaporizhzhia, em 5 de maio de 2022, em meio à invasão russa na Ucrânia. Plantação e membros de uma equipe de desminagem do Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia se preparam para destruir um míssil não detonado que permanece perto da vila de Hryhorivka, região de Zaporizhzhia, em 5 de maio de 2022, em meio à invasão russa na Ucrânia.](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/05/UCRANIA-PLANTAÇAO-02.jpg?quality=90&strip=info&w=919&w=636)
![Um agricultor derrama um balde de grãos em um campo nos arredores de Kiev, Ucrânia, 16 de abril de 2022. Agricultores ucranianos começaram a trabalhar em seus campos, em meio à invasão russa do país. Um agricultor derrama um balde de grãos em um campo nos arredores de Kiev, Ucrânia, 16 de abril de 2022. Agricultores ucranianos começaram a trabalhar em seus campos, em meio à invasão russa do país.](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/05/UCRANIA-PLANTAÇAO-04.jpg?quality=90&strip=info&w=906&w=636)