Um novo relatório das Nações Unidas (ONU) sobre a crise climática avaliou que países fracassaram em cumprir metas de redução de emissões de carbono. De acordo com o documento, publicado nesta quinta-feira, 27, a única maneira de limitar os piores impactos da crise climática é uma “rápida transformação das sociedades”.
+ EUA pressionam China por retorno de negociações sobre crise climática
A agência ambiental da ONU disse que não existe “nenhum caminho confiável” para limitar o aumento da temperatura global em 1,5°C, meta acordada internacionalmente. Especialistas da organização concluíram que o progresso em cortes de emissões de CO2 prometidos pelos países foi “lamentavelmente inadequado”.
+ Austrália tem enchente-relâmpago e mais de mil casas inundam; Veja vídeos
Durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas do ano passado, os Estados-membros concordaram em aumentar suas promessas. Contudo, com a próxima cúpula sobre o clima se aproximando, apenas algumas dúzias de nações alcançaram as metas propostas.
A agência estima que mesmo que as atuais promessas de ação fossem cumpridas integralmente até 2030, ainda resultariam em um aumento no aquecimento global de cerca de 2,5°C, acima do limite previsto, e provocariam desastres ambientais em todo o mundo.
Cientistas argumentaram que o aumento de 1°C até o momento já causou desastres climáticos, como inundações e tempestades que devastaram países como o Paquistão e Porto Rico.
+ Inundação no Paquistão foi 50% maior pelo aquecimento global, diz estudo
+ Porto Rico segue sem energia duas semanas após furacão Fiona
“Tivemos nossa chance de fazer mudanças incrementais, mas esse tempo acabou. Somente uma transformação radical de nossas economias e sociedades pode nos salvar da aceleração do desastre climático”, argumentou Inger Andersen, diretora-executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) ao jornal britânico The Guardian.
O relatório da ONU indica que, até mesmo metas radicais como zerar as emissões de gases poluentes até 2050 não seriam capazes de conter o ritmo acelerado do derretimento glacial. Segundo os cálculos da organização, as emissões globais devem cair 50% até 2030 para manter o limite de 1,5°C vivo.
Novos relatórios da Agência Internacional de Energia e do órgão climático da ONU chegaram a conclusões igualmente duras, com o último descobrindo que as promessas nacionais mal reduziram as emissões projetadas em 2030, em comparação com os níveis de 2019.
A solução indicada pelos especialistas é implementar urgentemente ações governamentais, incluindo regulamentação e impostos sobre questões ambientais. O redirecionamento do sistema financeiro internacional e mudanças no comportamento do consumidor também foram citados como caminhos para a redução dos impactos climáticos.