O chefe da agência nuclear das Nações Unidas, Rafael Mariano Grossi, disse nesta segunda-feira, 6, que há um “risco claro e presente para a segurança e salvaguardas” na usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, que atualmente está sob controle da Rússia.
O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou que “pelo menos cinco dos sete pilares indispensáveis da segurança e proteção nuclear foram comprometidos no local”.
Em pronunciamento ao Conselho de Governadores da AIEA, Grossi reiterou que estava “trabalhando ativamente para combinar, organizar e chefiar uma missão internacional liderada pela AIEA” para a usina, com objetivo de “realizar o trabalho essencial de segurança, proteção e salvaguardas nucleares no local.”
Grossi visitou a (agora extinta) usina nuclear de Chernobyl, ao norte de Kiev, que foi brevemente ocupada pelas forças russas no final de abril. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores ucraniano ressaltou na época que um ataque poderia “causar outro desastre ecológico”.
“Em 1986, o mundo viu o maior desastre tecnológico em Chernobyl (…) Se a Rússia continuar a guerra, Chernobyl pode acontecer novamente em 2022”, afirmou.
A usina nuclear de Zaporizhzhia está sob controle russo desde o início de março.
“O local da central nuclear de Zaporizhzhia na Ucrânia permanece sob o controle das forças russas. Expressei repetidamente minha grande preocupação com as condições de trabalho extremamente estressantes e desafiadoras sob as quais a administração e a equipe ucraniana estão operando a fábrica”, disse Grossi.
“A situação na central nuclear de Zaporizhzhia não apenas levantou preocupações humanitárias sérias e urgentes, mas também é um risco claro e presente para a segurança, proteção e salvaguardas na usina nuclear”, completou.
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Grossi disse ainda que interrupções na cadeia de fornecimento de peças de reposição para a central nuclear de Zaporizhzhia seriam preocupantes.
“O regulador ucraniano nos informou que eles ‘perderam o controle sobre’ o material nuclear da instalação, que está sujeito ao Acordo de Salvaguardas entre a Ucrânia e a AIEA”, acrescentou. “A necessidade urgente de estarmos lá é clara para todos”.