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Onda de calor leva temperaturas de quase 50°C para Índia e Paquistão

Lagos glaciais foram criados por derretimentos no Himalaia e há risco de inundações repentinas e perigosas, deixando 7 milhões de pessoas vulneráveis

Por Da Redação 2 Maio 2022, 19h34
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  • Faixas da Índia e do Paquistão enfrentam uma onda de calor sem precedentes, colocando em risco as vidas de milhões de pessoas pelas temperaturas que beiram os 50°C. Nesta segunda-feira, 2, autoridades paquistanesas emitiram um alerta após registro da maior temperatura em 61 anos,  47°C.

    Pedindo precaução, a ministra federal para Mudanças Climáticas do Paquistão, Sherry Rehman, instou medidas do governo federal e de províncias para alívio de moradores. No norte do país, milhares de lagos glaciais foram criados por derretimentos nas cordilheiras do Himalaia, Hindu Kush e Karkoram, e há risco de inundações repentinas e perigosas, deixando 7 milhões de pessoas em possíveis cenários de vulnerabilidade. 

    Na Índia, a temperatura média da região central do país foi a mais alta desde que começaram as medições, há 122 anos, chegando a 37,7°C, de acordo com o Departamento Meteorológico Indiano (IMB). Os meses de verão na Índia (abril, maio e junho) são sempre quentes, antes que a estação de chuvas de monções amenizem as temperaturas, mas a onda de calor chegou antes do previsto.

    No mês passado, Nova Délhi já havia registrado sete dias consecutivos com temperaturas acima de 40 graus. Em alguns estados, o calor foi tanto que escolas foram fechadas e houve pressão intensa sobre fornecimento de energia, à medida que autoridades alertaram moradores para ficarem dentro de casa e ficarem hidratados.

    “Esta onda de calor é definitivamente sem precedentes”, disse Chandni Singh, pesquisador do Instituto Indiano para Assentamentos Humanos, à rede CNN. “Vimos uma mudança em sua intensidade, em sua chegada e duração. Isto é o que especialistas previram e terá impactos em cascata sobre a saúde”.

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    Segundo Mona Desai, x-presidente da Associação Médica de Ahmedabad, no estado indiano de Gujarat, muitos pacientes se queixaram de insolação ou problemas similares relacionados ao calor. Desses, cerca de 60% tinham idade escolar e se queixaram de vômitos, diarréia, cólica abdominal, fraqueza e outros sintomas.

    Apesar de previsões indicarem que as temperaturas devem amenizar nesta semana, segundo o IMB, especialistas afirmam que a crise climática causará ondas de calor mais frequentes e duradouras, afetando mais de um bilhão de pessoas nos dois países.

    Em relatório publicado em fevereiro, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) destacou que a Índia é um dos países que mais deve ser afetado pela crise climática. Desde 2010, ondas de calor já mataram mais de 6.500 pessoas no país.

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    Em outro documento, publicado no ano passado, o IPCC indicou que o aquecimento global está avançando mais rapidamente do que o esperado e que a atividade humana está alterando o clima do planeta de maneiras “sem precedentes”. Além disso,  algumas das mudanças já se tornaram “irreversíveis”.

    Segundo o IPCC, os picos de temperatura passarão a ser mais frequentes conforme o planeta fica mais quente. Não existem mais dúvidas de que a humanidade é a responsável pelo avanço do aquecimento global. Para os cientistas, a questão não é mais se a temperatura poderá ou não subir, mas sim quanto.

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