A Organização dos Estados Americanos (OEA) vai debater a situação da Venezuela durante a sua 70ª Assembleia Geral, nos dias 4 e 5 junho, em Washington. A inclusão do tema na agenda do encontro anual foi aprovada na quarta-feira (2) por 19 votos a favor. Houve cinco abstenções e seis votos contra.
A solicitação de inclusão da crise venezuelana nos debates da Assembleia Geral foi apresentada pelo Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Estados Unidos, Guatemala, México, Paraguai, Peru e Santa Lúcia. Não houve detalhes dos tópicos a serem discutidos no documento apresentado.
O novo embaixador dos Estados Unidos na OEA, Carlos Trujillo, disse nesta quinta-feira (3) que está trabalhando em uma proposta de resolução de condenação ao governo de Nicolás Maduro por não permitir a entrada de ajuda humanitária no país.
Trujillo sugeriu que, antes da Assembleia, poderia ser apresentado ao Conselho Permanente da OEA outro texto ser ilegítima a decisão do governo venezuelano de antecipar as eleições, originalmente programadas para o final deste ano, para 20 de maio.
A crise da Venezuela foi tema central dos debates nas duas últimas assembleias gerais da OEA, em Santo Domingo e em Cancún. Mas não constou da agenda oficial dessas reuniões.
Trujillo expressou-se hoje em termos muito mais duros que seus antecessores ao dizer que a Venezuela não deveria estar no organismo nem deveria sair dele voluntariamente porque não respeita a democracia e os direitos humanos. De origem cubana, o embaixador falou com um grupo de jornalistas ao término da sua cerimônia de juramento do cargo, conduzida pelo vice-presidente americano, Mike Pence.
A Venezuela pediu para deixar a OEA, em 28 de abril de 2017, mas o processo de saída demora pelo menos dois anos. A iniciativa não tem precedentes no organismo, criado em 1948. Cuba foi suspensa da OEA, em 1962, depois de seu governo ter dado uma guinada para o comunismo e se aliado à União Soviética. Mas jamais perdeu sua cadeira na organização.
O governo de Nicolás Maduro decidiu solicitar oficialmente sua saída da OEA por sua rejeição à abordagem das crises política e econômica da Venezuela, como têm insistido o secretário-geral, Luis Almagro, e um grupo de países, entre os quais o Brasil e a Argentina. A sucessão de vários governos simpáticos ao regime venezuelano por outros críticos, na região, tornou o ambiente na OEA menos favorável a Caracas, que agora não tem mais aliados numerosos e fortes na organização.
Trujillo expressou otimismo sobre a possibilidade de nações caribenhas votarem a favor de uma resolução sobre a Venezuela diante da deterioração da situação no país. Várias ilhas caribenhas recebem petróleo venezuelano subsidiado por meio do programa Petrocaribe e têm votado contra projetos de resolução críticos ao governo de Nicolás Maduro.
(Com EFE e AP)