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Crise na fronteira: a Venezuela é aqui

O colapso do regime de Maduro empurrou 4 milhões de pessoas para fora do país — 70 000 delas para dentro do Brasil. As consequências são dramáticas

Por Leonardo Coutinho Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 abr 2018, 15h18 - Publicado em 14 abr 2018, 15h18

A venezuelana Mariana tem 14 anos e pesa 14 quilos — o equivalente à média prevista para uma criança de 3 anos. Ela chegou com os pais ao Brasil em fevereiro, fugindo da fome que assola a população de seu país. Quando sua família se recostou à sombra de uma árvore em uma calçada de Boa Vista, a capital de Roraima, seus ossos pontudos apareciam sob a pele ressecada pelo sol e pela desidratação, e as rugas do rosto faziam com que ela parecesse uma senhora já entrada em anos. Mariana chegou ao Hospital Geral de Roraima com um quadro de desnutrição aguda. Os exames mostraram ainda que ela sofria de tuberculose e que seus intestinos estavam tomados por parasitas. Em uma área de isolamento, Mariana virou uma causa. Médicos, nutricionistas e enfermeiros se revezaram na missão de salvá-la. Em meados de março, ela reagiu. Hoje está com 4 quilos a mais. Se tivesse ficado mais uma semana na Venezuela, teria morrido.

Na franja norte do Brasil, não há uma guerra nem catástrofe ambiental. Mas os efeitos do regime ditatorial iniciado por Hugo Chávez e intensificado por Nicolás Maduro só podem ser comparados aos de países destroçados por conflitos armados. A crise venezuelana levou a população do país a um êxodo com dimensões jamais vistas na região. Em sete anos de guerra civil na Síria, 5 milhões de pessoas foram expulsas de casa e cidades inteiras foram destruídas em meio aos embates entre as tropas leais ao ditador Bashar Assad e fanáticos do grupo terrorista Estado Islâmico. A Venezuela já perdeu 4 milhões de pessoas. O país que mais sofre o impacto da migração em massa é a Colômbia, mas o Brasil vem ganhando importância no mapa de fuga dos venezuelanos. Só nos dois primeiros meses do ano, a Polícia Federal registrou a entrada de 30 000 deles, que atravessaram a fronteira brasileira a pé.

A Praça Simón Bolívar, em Boa Vista, é o retrato dessa tragédia. No local, que leva o nome do maior herói da Venezuela, chegou a haver 1 500 venezuelanos dormindo ao relento e comendo o que a generosidade dos brasileiros lhes provê. Até pouco tempo atrás, Boa Vista desconhecia a mendicância e a prostituição de rua. A chegada de milhares de venezuelanos mudou a paisagem local.

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