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Ocidentais e russos cada vez mais tensos sobre a repressão na Síria

Por Atta Kenare
13 jun 2012, 18h48

Os ocidentais e a Rússia exibiram novamente fortes divergências nesta quarta-feira em torno da crise na Síria, onde as forças do governo tentam retomar os redutos rebeldes em meio a intensos bombardeios, como em Al-Hafa.

Depois do chefe das operações de manutenção da paz da ONU, Hervé Ladsous, o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, considerou que a Síria está em situação de “guerra civil”. Mas o governo de Bashar al-Assad e um grupo da oposição recusaram que a situação seja essa.

O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, cujo país é um aliado do poder sírio, acusou os Estados Unidos de fornecer armas a “países da região”, durante uma visita ao Irã, outro ferrenho defensor do governo Assad, que enfrenta há 15 meses uma revolta popular reprimida com brutalidade.

“Não entregamos nem à Síria, nem para qualquer outro coisas que sejam utilizadas na luta contra manifestantes pacíficos, ao contrário dos próprios Estados Unidos, que fornecem regularmente aos países da região tais equipamentos especiais”, disse.

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Lavrov reagiu às afirmações da secretária de Estado, Hillary Clinton, que havia manifestado na terça-feira a preocupação dos Estados Unidos relacionada “ao envio de helicópteros de ataque para a Síria por parte da Rússia”.

Hillary voltou à carga nesta quarta-feira pedindo a Moscou que pare de fornecer armas a Damasco, advertindo que a “espiral” de violência mergulhará a Síria em uma “guerra civil”.

“Nós não concordamos em relação à Síria”, ressaltou ela, reafirmando seu compromisso com a cooperação entre os dois países.

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Ocidentais e russos concordam sobre a necessidade de aplicar o plano do emissário internacional Kofi Annan, que estipula um cessar-fogo e um diálogo nacional, mas continua sendo ignorado.

Moscou rejeita qualquer ingerência e mudança de regime imposta à Síria, enquanto o ocidente exige a saída de Assad e sanções na ONU.

O ministro francês Fabius também pediu a suspensão “total” das exportações de armas a Damasco e anunciou que seu país vai propor ao Conselho de Segurança que sejam tornadas “obrigatórias” as disposições do plano Annan que tenham “recorrido ao Capítulo 7”, que abre a porta para sanções e para o uso da força.

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Rússia e China se opuseram até o momento a qualquer ação contra o governo sírio na ONU.

Fabius considerou que a Síria está em situação de “guerra civil”, afirmando: “Quando de forma maciça grupos pertencentes a um mesmo povo se desgarram e se matam, se isso não é chamado de guerra civil, então o que está ocorrendo é inclassificável”, disse Fabius em uma coletiva de imprensa.

Mas o governo sírio afirmou que o Exército luta simplesmente contra o terrorismo, enquanto um grupo opositor sírio, a Comissão Geral da Revolução Síria (CGRS), considerou que a classificação “guerra civil” coloca “em pé de igualdade a vítima e o carrasco”.

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Nesta quarta, as operações de repressão e os combates entre soldados e rebeldes deixaram 50 mortos, 40 civis e dez soldados, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humnanos (OSDH).

As forças do governo acentuaram seus ataques contra várias cidades onde os rebeldes estão entrincheirados, submetendo os guerrilheiros a bombardeios de artilharia pesada, antes de lançar ataques.

Após oito dias de bombardeios sem trégua, o Exército tomou o controle de Al-Hafa, em Latakia (noroeste), onde o OSDH falou de um recuo “tático” dos rebeldes do Exército Sírio Livre (composto em sua maioria por desertores), para poupar as vidas de civis.

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As autoridades indicaram que havia “levado a segurança a Al-Hafa depois de terem expulsado grupos terroristas armados que cometeram assassinatos e roubos”, pediram aos observadores da ONU, impedidos de chegar na véspera por partidários de Assad, que fossem ao local para verificar os fatos.

Mas, segundo um militante em Latakia, após a retirada dos rebeldes, os shabbiha, milicianos pró-regime, saquearam essa localidade.

Ainda na província de Latakia, assim como na de Deraa (sul), foram registrados bombardeios, indicou o OSDH.

Em Deir Ezzor (leste), o Exército, apoiado por helicópteros, continua a bombardear bairros dominados pelos rebeldes, e unidades enfrentam insurgentes em outros bairros, acrescentou a ONG. Vários setores de Homs (centro) também foram alvos de obuses e palcos de violentos combates.

Desde o início da revolta que o governo se disse determinado a esmagar “não importa a que preço”, mais de 14.100 pessoas morreram, em sua maioria civis, segundo o OSDH.

A crise síria, que tem profundas repercussões no vizinho Líbano, colocou em risco também a viagem do papa Bento XVI prevista para setembro a esse país. “Uma descida ao inferno começou na Síria”, denunciou o núncio da Santa Sé na Síria, Monsenhor Mario Zenari.

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