“Julian Assange está livre!” Na terça-feira 25, o WikiLeaks anunciou a liberdade de seu fundador, de 52 anos, o ativista, programador de computador e jornalista australiano que estava preso no Reino Unido havia cinco anos. Depois de intensa negociação, ele decidiu declarar-se culpado por parte do vazamento de 250 000 documentos com informações sigilosas militares e diplomáticas dos Estados Unidos em 2010 e 2011 (e também de outros países, inclusive do Brasil, no período do primeiro mandato de Dilma Rousseff). O acordo com o Departamento de Justiça americano permitiu que ele saísse em liberdade a caminho de sua terra natal. O delito reconhecido pressupõe pena máxima de dez anos de prisão, mas ficou acertado que, depois de comparecer perante um tribunal da remota Saipan, capital do território americano das Ilhas Marianas do Norte, no Pacífico, a condenação seja de cinco anos, já cumprida, portanto. Antes da inesperada solução, Assange era acusado por Washington de delito de espionagem, que poderia pô-lo atrás das grades por 175 anos. O desfecho indica o fim de um capítulo, mas não da história, porque a divulgação do que autoridades gostariam de ver escondido virou regra. O WikiLeaks atribui o desenlace a uma campanha mundial alimentada por defensores da liberdade de imprensa. “A primeira grande rebelião do século XXI tinha de ser digital”, resume a jornalista Natalia Viana, a única brasileira do QG de Assange, que acaba de lançar O Vazamento (Editora Fósforo).
Publicado em VEJA de 28 de junho de 2024, edição nº 2899