Mesmo estando ainda sob o rigor dos protocolos contra a pandemia, que mal começam a ser relaxados, o Reino Unido se desdobra para prestar todas as homenagens possíveis ao príncipe Philip, marido da rainha Elizabeth, que morreu em casa — o Castelo de Windsor —, aos 99 anos, na sexta-feira 9. Em uma das cerimônias, embalada pela inigualável pompa britânica, a artilharia da Marinha, postada diante da Torre de Londres, disparou a chamada Saudação aos Mortos — 41 tiros de canhão, um a cada minuto a partir do meio-dia, sendo 21 cumprindo a tradição militar e mais vinte por se tratar de um integrante da família real. A mesma reverência, exatamente no mesmo horário, foi reproduzida por artilheiros em outros pontos do reino e a partir de navios, em alto-mar. Sob a inevitável sombra de Elizabeth, a monarca mais longeva da história do Reino Unido, Philip passou a vida como um agregado, encarregado de acompanhar a rainha em eventos públicos. Mesmo assim, consolidou uma imagem de homem moderno, empenhado na preservação da monarquia e dotado de um humor impermeável a sensibilidades aguçadas, o que lhe proporcionou grande simpatia entre os súditos. A morte do príncipe teve o efeito de tornar um pouco mais real a quase inimaginável ocasião em que Elizabeth, 95 anos, anfitriã de encontros semanais com catorze primeiros-ministros (até agora), um dia irá acompanhá-lo. O velório e enterro só para familiares, no mesmo Castelo de Windsor, estão marcados para sábado 17 e serão televisionados ao vivo.
Publicado em VEJA de 21 de abril de 2021, edição nº 2734