O FBI afirmou, no domingo, 15, que o ex-presidente americano Donald Trump precisou ser levado às pressas para um local seguro após uma “aparente tentativa de assassinato” contra ele enquanto estava jogando golfe em um de seus campos na Flórida. O incidente ocorreu quase exatamente dois meses após um ataque a tiros contra o republicano no estado da Pensilvânia, que deixou Trump ferido e uma pessoa morta.
Ainda há poucos detalhes sobre o último episódio e sobre o suspeito, identificado pela mídia americana como Ryan Routh. O que se sabe até agora é que a suposta tentativa de ataque aconteceu no Trump International Golf Club, um clube de golfe de propriedade do ex-presidente em Palm Beach, a cerca de 15 minutos de sua casa na Flórida, a mansão Mar-a-Lago.
O atirador foi localizado por agentes do Serviço Secreto, que estavam fazendo varreduras pelo campo de golfe pouco à frente do ex-presidente, enquanto ele jogava. De acordo com a polícia, os agentes costumam verificar o território um buraco à frente de onde Trump está, para garantir sua segurança.
Em meio à varredura, os agentes avistaram nos arbustos que margeiam o campo de golfe um cano de uma arma, descrita como um rifle estilo AK-47 pelo xerife do condado, Ric Bradshaw. No momento, Trump estava a cerca de 275 metros a 460 metros de distância do atirador, segundo o xerife. Um agente “imediatamente se envolveu” com o suspeito, que fugiu, completou Bradshaw.
Perseguição
No campo de golfe, os agentes do FBI dispararam de quatro a cinco cartuchos de munição contra o suspeito, que fugiu em um veículo. Ele deixou para trás sua arma junto com duas mochilas, uma luneta usada para aumentar a precisão da mira do rifle e uma câmera GoPro.
Uma testemunha viu o homem fugir em um Nissan preto, tirou uma foto do carro e a entregou à polícia. Com a imagem, agentes de segurança conseguiram identificar o carro e deter o suspeito em uma rodovia a aproximadamente 61 quilômetros do campo de golfe de Trump.
Quem é o suspeito?
Diversos veículos de comunicação americanos indicaram que o homem por trás da nova tentativa de assassinato contra Trump se trata de Ryan Routh. Reportagens sugerem que ele tem antecedentes criminais, tendo sido acusado e condenado por vários crimes graves — como porte de arma oculta, resistência à prisão por um policial, dirigir com carteira de motorista suspensa e atropelamento com veículo motorizado — no Condado de Guilford, na Carolina do Norte, entre 2002 e 2010.
Um olhar mais aprofundado, porém, revelou que Routh usava as redes sociais para publicar mensagens pró-Palestina, pró-Taiwan e anti-China, incluindo alegações sobre uma “guerra biológica” chinesa e referências ao vírus da covid-19 como um “ataque”. Mais surpreendente é sua defesa da causa ucraniana, incluindo apelos para que estrangeiros fossem a Kiev para lutar contra as forças russas.
Routh, que não tinha experiência militar, disse ao jornal americano The New York Times em 2023 que viajou para a Ucrânia imediatamente após a invasão da Rússia, em 2022, para encontrar recrutas militares entre os soldados afegãos que fugiram do Talibã. Ele também escreveu um livro sobre o assunto, em que criticou Donald Trump por sua postura perante o conflito.
Em entrevista à emissora americana CNN, o filho do suspeito, Oran Routh, descreveu o pai como “amoroso e atencioso”.
“Não sei o que aconteceu na Flórida e espero que as coisas tenham sido exageradas, porque, pelo pouco que ouvi, não parece que o homem que conheço faça algo louco, muito menos violento”, disse ele.
Trump não ficou ferido durante o incidente.
“Houve tiros na minha vizinhança, mas antes que os rumores comecem a sair do controle, eu queria que vocês ouvissem isto primeiro: ESTOU SEGURO E BEM”, escreveu ele a uma lista de e-mails de doadores de campanha.
Jeffrey Veltri, do escritório de campo do FBI em Miami, disse que o departamento lidera as investigações sobre o caso junto com outras agências policiais.