O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu homólogo dos Estados Unidos, Joe Biden, se reunirão nesta quarta-feira, 20, às 14h, em Nova York. A expectativa em relação à bilateral, que ocorre às margens da Assembleia-Geral das Nações Unidas, é que os dois líderes devem dar foco aos seus pontos de concordância, como a questão climática e uma nova parceria na área do trabalho, e deixar de lado os pontos de atrito – como a guerra na Ucrânia.
Após a reunião, ambos devem anunciar a Parceria pelos Direitos dos Trabalhadores e Trabalhadoras, que, segundo o Planalto, pretende promover o “trabalho digno” em colaboração com os Estados Unidos.
“É a primeira vez em mais de 500 anos da história do Brasil em que você senta com o presidente da República americano, em igualdade de condições, para discutir um problema crônico, que é a questão da precarização do mundo do trabalho”, afirmou o Lula.
Os dois países vão trabalhar em estreita colaboração com parceiros sindicais do Brasil e dos Estados Unidos, e a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Outros países e parceiros globais devem se envolver na inciativa.
As atividades conjuntas, segundo o Planalto, têm como objetivo ampliar o conhecimento do público sobre os direitos trabalhistas e capacitá-lo para defendê-los, garantir que a transição à chamada economia verde – ou de carbono zero – proporcione oportunidades de bons empregos, aumentar a importância dos trabalhadores em instituições multilaterais como o G20 e as COPs, criar leis para proteger os direitos trabalhistas nas plataformas digitais e, por fim, envolver parceiros do setor privado para criar empregos nas principais cadeias de produção.
O governo brasileiro tem esperança de que, por meio da parceria, seja possível fortalecer e expandir ainda mais cooperação bilateral existente com os Estados Unidos.
A atmosfera deve ser semelhante à de uma reunião entre Biden e Lula em Washington, no início do ano. Na conversa, o presidente brasileiro, de seu lado, trilhou uma agenda sem grandes polêmicas, focada em ambiente e democracia. O anúncio de que os Estados Unidos passariam a contribuir com o Fundo Amazônia foi um gol diplomático e a menção a duas datas de insurreição por turbas da extrema direita — 6 de janeiro de 2021, quando o Congresso americano foi invadido, e 8 de janeiro de 2023, quando bolsonaristas depredaram Câmara, Senado e STF — favoreceu um clima de identificação entre os dois mandatários.
No entanto, paira sobre os dois a questão da guerra na Ucrânia. Enquanto os Estados Unidos de Biden se tornaram os principais doadores de armas para Kiev se defender das forças russas, incentivando que todo o “mundo democrático” faça o mesmo, Lula prefere trilhar um caminho de não alinhamento, defendendo nem um nem outro lado, mas “a paz”. Também nesta quarta, o petista se encontrará com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, após meses de desencontros. Resta ver o que sairá da sala de reuniões – onde o clima deve ficar longe da plena identificação.