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O que esperar do discurso de Bolsonaro na ONU nesta terça-feira

A poucos dias da eleição presidencial, fala também deve ser usada como parte da campanha, principalmente em vídeos curtos para redes sociais

Por Da Redação
Atualizado em 20 set 2022, 10h54 - Publicado em 20 set 2022, 07h00

Começa nesta terça-feira, 20, em Nova York, a 77ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, o maior encontro anual de líderes mundiais. Realizada de maneira presencial pela primeira vez desde o início da pandemia da Covid-19, a reunião deve ser pautada por um tom mais sombrio devido à guerra na Ucrânia e às crises energética e ambiental. 

Tradicionalmente, o Brasil é o primeiro país a discursar na Assembleia Geral, fazendo com que o presidente Jair Bolsonaro seja o primeiro líder a falar no evento, a partir das 10h. Em um discurso que deve durar de 10 a 15 minutos, o chefe de Estado brasileiro deve destacar a retomada da economia brasileira no período pós-pandemia, usando como parâmetro o crescimento de 1,2% do PIB no segundo trimestre de 2022. A ideia seria atrair tanto investidores estrangeiros quanto eleitores ao afirmar que o Brasil se recuperou melhor que outros países da pandemia.

A viagem segue uma passagem por Londres para participar do funeral da rainha Elizabeth II, amplamente criticada, inclusive pela imprensa britânica, por se assemelhar a um comício político em um momento de luto nacional.

A ida aos EUA, no entanto, tem um tom diferente. Enquanto a viagem à Inglaterra seria um aceno ao eleitor “comum” pela grande cobertura midiática em um momento único da história, e por colocá-lo, claro, junto a líderes importantes, o discurso na ONU é uma forma de direcionar o presidente a lideranças internacionais e formadores de opinião.

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Com isso em mente, o discurso de Bolsonaro, além de falar sobre os rumos da economia, deve citar os problemas energéticos na Europa, decorrentes da guerra na Ucrânia, para criticar países que condenaram suas políticas ambientais, mas que agora precisaram aumentar queima de carvão.

A poucos dias da eleição presidencial, o discurso também deve ser usado como parte da campanha, principalmente em vídeos curtos para “viralizar” nas redes sociais, com temas-chave que inflamam a base de apoiadores do presidente.

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Além da fala aos líderes, Bolsonaro tem ainda reuniões marcadas com os presidentes de Equador, Guatemala, Polônia e Sérvia, todos estes representantes da direita global. Além deles, também está programado um encontro com o secretário-geral da ONU, António Guterres. 

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Perspectivas da Assembleia Geral

A Assembleia terá como foco os muitos desafios enfrentados pelas nações neste ano: um conflito armado de enormes proporções que está mexendo com a ordem mundial como não se via desde a Guerra Fria; o impacto do aumento do preço dos alimentos para a população global; a crise energética que abala os alicerces da economia mundial; e o impacto das mudanças climáticas no mundo. 

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Em fala a repórteres na semana passada, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o planeta está “arruinado pela guerra, castigado pelo caos climático, marcado pelo ódio e envergonhado pela pobreza, fome e desigualdade”, complementando que o evento acontece em um momento de “grande perigo” para todos. 

“Sinto que ainda estamos muito longe da paz. Acredito que a paz é essencial, paz de acordo com a Carta das Nações Unidas e com o direito internacional, mas estaria mentindo se dissesse que isso pode acontecer em breve”, afirmou ele. 

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Apesar da fala pessimista, Guterres disse que espera que a reunião forneça esperança por meio do diálogo, debates e planos concretos para superar divisões e crises. Cerca de 157 líderes mundiais e representantes de governos devem discursar ao longo do evento, que termina no próximo domingo, 25.

O principal tema dos discursos provavelmente será a guerra na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro. Já nesta terça, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, falará à assembleia em um discurso pré-gravado. A prática não é permitida, mas uma votação na última sexta-feira permitiu que o líder ucraniano realizasse seu discurso de maneira online. 

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Do outro lado do conflito, o presidente russo Vladimir Putin não irá a Nova York e em seu lugar estará o chanceler Sergey Lavrov, que até o último momento não sabia se poderia entrar nos Estados Unidos – ele é alvo de uma série de sanções impostas por Washington. 

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Lavrov, inclusive, recebeu prestígio mundial justamente durante seu período como embaixador na entidade, cargo que ocupou por dez anos e ficou conhecido por se relacionar bem com as outras autoridades.

Outro ponto de suma importância para este encontro da Assembleia Geral é a crise alimentar, agravada justamente pelo conflito na Ucrânia. É esperado que países em desenvolvimento na África, Oriente Médio e Ásia expressem preocupações com o fato de toda a ajuda humanitária estar sendo direcionada aos ucranianos e que suas próprias estejam sendo ignoradas.

Além disso, Putin voltou a ameaçar fechar os portos ucranianos responsáveis por transportar os grãos da Ucrânia para o resto do mundo. É esperado, portanto, que um novo acordo aconteça no encontro, uma vez que o próprio Guterres tem se envolvido nas negociações. 

Estão programadas para a Assembleia também uma série de reuniões em cúpulas e encontros bilaterais entre os países que irão abordar desde educação até a pandemia de Covid-19. O próprio Guterres também sediará duas delas com a presença de ministros das Relações Exteriores, que devem abordar os desafios trazidos pela guerra na Ucrânia e o desafio das mudanças climáticas. 

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Por fim, o evento da ONU irá marcar a estreia de uma série de líderes mundiais que chamaram a atenção no cenário internacional ao longo do último ano, como o presidente do Chile, Gabriel Boric, que foi tratado como uma estrela na Cúpula das Américas, e o presidente das Filipinas, Ferdinand Bongbong Marcos Junior, filho do ditador Ferdinand Marcos. 

Em contrapartida, chefes de Estados proeminentes na comunidade internacional enviarão membros e delegações nacionais em seus lugares. Além de Putin, o líder chinês Xi Jinping e o presidente indiano Narendra Modi não irão comparecer à Assembleia pessoalmente. 

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