Com retorno confirmado à Casa Branca nesta quarta-feira, 6, Donald Trump torna-se o primeiro presidente a ter sido considerado culpado por um crime. A chegada ao poder coloca um ponto de interrogação em seu futuro com a Justiça: o que acontecerá com os quatro processos movidos contra o republicano? Afinal, ele ainda não foi a julgamento em três das ações judiciais e aguarda a sentença do caso de suborno da ex-atriz pornô Stormy Daniels, no qual foi considerado culpado de 34 acusações, em maio.
No início do ano, Trump enfrentava 91 acusações em quatro casos, incluindo o de esquema ilegal para silenciar Daniels sobre um affair que tiveram em 2006. Com o veredito de maio, ele passou a ter que lidar com as 57 denúncias restantes, incluindo interferência em eleições federais, retenção de documentos sigilosos e interferência eleitoral no condado de Fulton.
Há quem acredite que, com ele no comando, as acusações serão arquivadas. Uma das vozes críticas à potencial interferência de Trump nos processos é Karen Friedman Agnifilo, que atuou como chefe da divisão de julgamento do promotor público de Manhattan. Em entrevista à emissora americana ABC News, antes das eleições, ela afirmou que a vitória do ex-presidente representaria um “adeus a todos os casos criminais”.
Sob esse entendimento, derrotar a candidata democrata, Kamala Harris, seria uma dupla vitória para Trump: a volta vingativa à presidência, depois de perder para Joe Biden nas eleições de 2020 (sem nunca aceitar o resultado), e o potencial fim dos imbróglios com a Justiça, que deram dor de cabeça nos últimos meses.
Ele já havia dado indícios de que a situação mudaria de figura se eleito. Em outubro, ele disse que demitiria Jack Smith, procurador especial por trás de dois dos quatro casos, “em dois segundos” e que seria “uma das primeiras coisas a serem abordadas” em seu governo.
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E a imunidade?
Em julho, a Suprema Corte dos Estados Unidos deu um aceno favorável a Trump. A maioria conservadora do tribunal superior concluiu que presidentes americanos devem receber algum grau de imunidade contra processos judiciais por ações oficiais que se estendessem ao “perímetro exterior” de seu gabinete. No entanto, ele ainda pode enfrentar acusações no âmbito pessoal.
Trump , por sua vez, argumenta que deve receber imunidade nos casos porque estava atuando como presidente quando realizou as ações pelas quais é acusado. Caso não alcançasse o poder, ele poderia enfrentar anos de processos judiciais, teria de arcar com centenas de milhões em multas e poderia parar atrás das grades.
Mas, apesar do resultado favorável nas urnas, a sentença para o esquema de maquiagem financeira que envolve Stormy Daniels ainda está marcada para 26 de novembro. Resta esperar para ver se a equipe jurídica de Trump entrará em ação para adiar, mais uma vez, a emissão do veredito. A ver o que o futuro reserva para o agora presidente eleito.