Clique e Assine VEJA por R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

O que a saída de Shinzo Abe significa para o Japão

O primeiro-ministro anunciou sua renúncia sem apontar um novo sucessor e em meio à baixa popularidade de seu governo devido ao coronavírus

Por Vinicius Novelli Atualizado em 28 ago 2020, 15h46 - Publicado em 28 ago 2020, 15h23

Sem designar um sucessor e citando problemas de saúde, o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, de 65 anos, anunciou nesta sexta-feira, 28, que renunciará ao cargo em breve. A decisão encerra mais de oito anos ininterruptos de governo do premiê e coloca em risco a estabilidade política do país, apesar da oposição fragmentada.

Abe é o primeiro japonês nascido após a II Guerra Mundial a ocupar o cargo de premiê. Passou rapidamente pelo poder entre 2006 e 2007, porém renunciou em um momento de crise, alegando problemas de saúde. Ele foi eleito novamente ao cargo em 2012 e, em 2020, se consolidou como o líder a ocupar por mais tempo a chefia do país.

A sua volta ao governo pôs fim à instabilidade que reinou no Japão nos anos após sua primeira renúncia. Durante esse hiato de cinco anos, o país conheceu cinco primeiro-ministros, sendo que três deles eram da centro-esquerda, que nunca se recuperou da crise política e hoje se encontra fragmentada e sem força ou envergadura suficiente para apresentar um candidato que faça frente ao campo conservador.

Mais uma vez, a saída de Abe abre um vácuo de poder no Japão, pois ainda não se sabe quem será o seu sucessor e se ele poderá manter a estabilidade no país. Segundo a agência de notícias do governo NHK, o Partido Liberal Democrata (PLD) deverá se reunir nos próximos dias ou semanas para eleger um novo líder. Entre os cotados estão o vice-primeiro-ministro, Taro Aso, e o ex-primeiro-ministro Yoshihide Suga.

Continua após a publicidade

“Não há nenhum sucessor que seja popular ou tenha força política para manter uma estabilidade clara”, avalia Alexandre Uehara, especialista em política asiática e coordenador do Centro Brasileiro de Estudos e Negócios Internacionais da ESPM. A pandemia de coronavírus também não facilita a situação política e econômica no país.

Abe se tornou conhecido no exterior pela estratégia de recuperação econômica conhecida como “Abenomics”, na qual mesclava flexibilização monetária, grande reativação do orçamento e reformas estruturais. Porém, sem essas reformas, o programa registrou apenas êxitos parciais, agora ofuscados pela crise econômica provocada pelo coronavírus.

Como resultado, sua popularidade despencou. Um contraste do que a eleição de 2017 representou para seu governo e para seu partido. Naquele ano, o PLD e suas siglas aliadas dominaram um terço das cadeiras do Parlamento. Apesar da maioria absoluta, Abe não realizou as reformas prometidas, como a militar.

Uma de suas principais mudanças previstas era a revisão da Constituição do país, mais especificamente do artigo nono. O artigo foi imposto pelos Estados Unidos após o fim da II Guerra para impedir a instalação de um Exército nacional japonês com o objetivo de organizar ataques no exterior. Apesar da proibição, a interpretação do item foi sendo alterada com o tempo, possibilitando a criação das Forças de Autodefesa.

“Abe queria transformar o Japão em um país normal”, avalia Uehara. O motivo é a crescente preocupação com a Coreia do Norte e os testes de mísseis e bombas nucleares realizados pelo país, assim como com o crescimento econômico da China. “Isso faz com o que o Japão busque uma posição de igualdade”, afirma o especialista.

Continua após a publicidade

Ao mesmo tempo em que manteve uma política próxima aos Estados Unidos – apesar de alguns desencontros, como a saída repentina dos americanos do Acordo Transpacífico –, Abe tentou não criar rusgas com a Rússia de Vladimir Putin, uma vez que o país almeja a soberania das Ilhas Kuril, ao norte, que foram ocupadas pelos soviéticos após a Segunda Guerra. Setenta e cinco anos após o fim do conflito, Japão e Rússia ainda não assinaram um acordo de paz.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.